Respostas
A sub-representação feminina na política gera consequências que se refletem, principalmente, mas não unicamente, na idealização, construção e execução de políticas públicas que considerem as questões do ser mulher. Porém, existem divergências quanto o modo que essas consequências são percebidas.
Por um lado, acredita-se que a ausência de mulheres nos cargos de poder não propicia um debate adequado em torno de questões fundamentais, como saúde e segurança pública. Entende-se que a presença de mulheres na política proporcionará um maior diálogo e um pensar mais abrangente em torno de questões que estejam relacionadas às pautas femininas.
Como exemplo, podemos mencionar o caso do decreto parlamentar que regulamenta vagões de trens e metrôs exclusivos para mulheres, implementados em virtude dos casos de assédio. Tal medida só foi possível porque a deputada Martha Rocha (PDT-RJ) pensou na questão da segurança enquanto mulher que usa o transporte público e, portanto, com uma necessidade de política pública diferenciada. Isso quer dizer que, como são as mulheres que sentem na pele determinados preconceitos ou dificuldades, são elas que devem participar na proposição de políticas que visam contribuir para a melhoria desses cenários.
Por outro lado, há quem alegue que a presença da mulher na política não implica, necessariamente, no avanço das questões femininas. Para a pesquisadora norte-americana Merike Blofield esse progresso não seria automático. Sua pesquisa revela que em alguns países, como Uruguai, no qual a representação feminina também é baixa, a agenda feminina é bastante evoluída, por outro lado, em outro países, como Estados Unidos no qual as mulheres tem grande presença na vida pública, a agenda feminina continua bastante conservadora.

ELLA – Mulheres na politica | 09-12-2016 | Belo Horizonte. Créditos: Midia Ninja – Flickr
Como melhorar a representação das mulheres na política?
Diante desse cenário, algumas ações foram tomadas com a finalidade de contribuir para a inclusão e a representatividade das mulheres no meio público. Uma das ações que merece destaque é a Plataforma 50-50 lançada pelo Instituto Patrícia Galvão (IPG) e o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades da Universidade de Brasília (Demode/UnB) para as eleições municipais. O principal objetivo do projeto é contribuir para uma maior igualdade entre homens e mulheres no processo eleitoral. Para isso, os candidatos e candidatas assumem compromissos com a igualdade de gênero. A iniciativa conta com a parceria do Tribunal Superior Eleitoral e da ONU Mulheres.
A Agenda 50-50 é um projeto que entende que as políticas públicas são primordiais para o exercício da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres. Por isso, é imprescindível que homens e mulheres possam participar e contribuir para a elaboração dessas políticas, e assim, construir uma cidade melhor, com mais representatividade para todos.
Embora nos últimos anos tenhamos progredido em alguns aspectos em relação às questões dos direitos das mulheres, percebemos que na atuação política, muito ainda precisa ser feito. A desejada igualdade de gênero está em progresso e ações afirmativas como a Plataforma 50-50 estimulam o debate e contribuem para que possamos reparar essa desigualdade construída historicamente.
Vale destacar ainda, que mesmo com a importância das iniciativas de ações afirmativas, essas não se configuram como meio e fins únicos para a viabilização de mais mulheres na política. Para isso, é necessário que os políticos, os partidos e o Estado se comprometam com uma agenda mais igualitária e que a sociedade civil consiga estimular e exigir uma mudança nesse cenário.
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Resposta:
porque política foi algo extremamente"proibido" para as mulheres durante séculos.