Respostas
Resposta:
A Filosofia é uma forma do pensamento se desdobrar sobre si mesmo. De maneira conceitual e abstrata, a Filosofia preza, muitas vezes, por um rigor metodológico parecido com o rigor científico. Outras vezes, utiliza-se de novas perspectivas próprias de cada pensador e de cada trabalho filosófico desenvolvido.
É fato que a Filosofia mantém acesa a chama que aquece a busca pelo conhecimento sem, na maioria das vezes, fornecer respostas prontas e acabadas. A Filosofia é, portanto, uma atividade que problematiza, ou seja, coloca questões em jogo, respondendo a cada pergunta com uma nova pergunta – o que faz o pensamento manter-se sempre em movimento.
Explicação:
Na tentativa de formular uma resposta genérica que abarque o conceito de Filosofia em geral, faremos uma incursão perigosa, pois ela pode tender para um determinado ponto de vista. Por não haver um consenso do que seja a Filosofia e de como a Filosofia deve operar, muitos pensadores desenvolveram teses diferentes acerca da atividade filosófica.
A Filosofia é uma área do conhecimento que coloca em questão o próprio conhecimento. Os filósofos, desde a Antiguidade, tentaram entender o mundo e tudo o que há nele, seja concreto, seja abstrato, de maneira conceitual. Perguntando pelas essências das coisas, por meio da pergunta “o que é?”, passaram a formular definições complexas e envoltas em problemas, que resultaram em um movimento de constante problematização e formulação de novas questões que rodeia as perguntas “como é?”, “por que é?”, “em que situações se aplica?”, etc.
Gilles Deleuze e Félix Guattari afirmaram que “a filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos”i. Isso indica, em primeira mão, que a Filosofia é um trabalho de criação e também de recriação, renovação e atualização dos conceitos. O filósofo, na ótica dos pensadores contemporâneos citados, deve trabalhar com um “plano de imanência”, que seria um plano conceitual no qual ele pode pegar os conceitos criados por filósofos anteriores e recriá-los, atualizá-los, moldá-los novamente, criando um pensamento novo. Nessa perspectiva, a Filosofia passa a criar novos significados para o mundo, sempre transformando a si mesma e ao meio, na medida em que permite que o pensamento nunca cesse a sua marcha.
A professora Marilena Chaui, da Universidade de São Paulo (USP), escreveu em seu livro Convite à Filosofiaii que esse saber tem a missão de duvidar das crenças costumeiras. Isso significa colocar em questão o senso comum. A Filosofia seria, para Chaui, aquele movimento que Sócrates iniciou na Antiguidade de olhar para dentro de si (“conhece-te a ti mesmo” são as palavras entalhadas no templo dedicado a Apolo em Atenas que tanto marcaram a trajetória de Sócrates), para então tentar entender o mundo e a verdade. Esse movimento seria percebido apenas em momentos de crise, quando a pessoa sai de sua zona de conforto e percebe a existência de uma realidade muito maior do que a que ela julgava existir.