• Matéria: Português
  • Autor: Guilherme4672
  • Perguntado 4 anos atrás

Não pensa nisto, Jorge.

— Estou ficando velho, Zilda. Velho e fraco. Sinto que não vou durar muito.

— Não pensa nisto, Jorge. Pensa nas coisas boas da vida.

— Estas dores no estômago. Para mim isto é câncer. O médico diz que não, mas acho que ele está me enganando. Para mim é câncer, Zilda.

— Não pensa nisto, Jorge. Pensa nos momentos felizes que vivemos juntos.

— Eu sei que é câncer, Zilda. Já vi muita gente morrer dessa doença. É uma morte horrível, Zilda. A gente vai se consumindo aos poucos.

— Não pensa nisto, Jorge. Pensa no teu trabalho. Pensa nos teus colegas, no chefe que gosta tanto de ti.

— Primeiro a gente emagrece. Já estou emagrecendo. Perdi cinco quilos neste ano. Aliás, como passou ligeiro este ano. Como passam ligeiro os anos. Como passam ligeiro os dias, as horas. Quando a gente vê, já é noite. Quando a gente vê, terminou o mês. Quando a gente vê, acabou a vida.

— Não pensa nisto, Jorge. Pensa na tua turma do bolão, gente alegre, divertida.

— Logo terei de me hospitalizar. E no hospital a gente vai ligeirinho, Zilda. Acho que é por causa do desamparo. O desamparo é horrível.

— Não pensa nisto, Jorge. Pensa nos teus filhos. Pensa na Rosa Helena, no Zé. Pensa no Marquinhos, Jorge.

— Tenho medo de morrer, Zilda. Me envergonho disso, afinal, já vivi tanto, mas a verdade é que tenho medo de morrer. A morte é o fim. Não acredito na vida após o túmulo. Acho que na tumba acaba tudo. A carne se desprende dos ossos, os cabelos caem, fica a caveira à mostra. Isto é a morte, Zilda. Isto é que é a morte.

— Não pensa nisto, Jorge. Pensa na tua horta. Pensa nas galinhas, Jorge. Pensa numa galinha chocando os ovos, Jorge.

— Uma galinha com câncer, Zilda?

— Por que não, Jorge, por que não?

SCLIAR, Moacyr. Não pensa nisto, Jorge. In: A orelha de Van Gogh. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.



Embora o texto pareça constituir-se apenas de um diálogo repetitivo, podemos perceber nele uma evolução.

a) Copie a seguinte lista de substantivos na ordem progressiva das queixas e medos de Jorge: decomposição – desamparo – doença – dores – fraqueza – hospital – morte – sintomas do câncer – velhice.

b) Percebe-se alguma evolução nos conselhos de Zilda? Explique.


Guilherme4672: alguém pra me ajudar pfv
Guilherme4672: se n souber pelo menos escreve nos comentários em vez de gastar um resposta blz
jonatas241009: a ''a'' vc já respondeu?
jonatas241009: só precisa da b né?

Respostas

respondido por: jonatas241009
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Resposta:

(b) sim, porque na hora que ela disse Não pensa nisto, Jorge. Pensa na tua horta. Pensa nas galinhas, Jorge. Pensa numa galinha chocando os ovos, Jorge.

— Uma galinha com câncer, Zilda?

teve essa evolução

Explicação:

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