Respostas
Explicação:
Em “Ética a Nicômaco”, Aristóteles defende que a felicidade é 1) o maior bem desejado pelos homens e 2) o fim das ações humanas. Vejamos agora um passo a passo para entender como ele formula esse pensamento.
1) “O bem é aquilo a que todas as coisas tendem” (Aristóteles, 1973, p. 249).
Podemos ver aqui que a filosofia aristotélica é teleológica, ou seja, está orientada por uma finalidade (telos, em grego, significa “fim”). Na “Ética a Nicômaco”, a finalidade é identificada como o “bem”, ou seja, dizer que todas as ações tendem a um fim é o mesmo que dizer que todas as coisas tendem a um bem.
2) “O fim da arte médica é a saúde, o da construção naval é um navio, o da estratégia é a vitória e o da economia é a riqueza” (Aristóteles, 1973, p. 249).
É importante considerar que há diferenças entre os fins. Há, por exemplo, atividade cujo fim está em si mesma e atividades cujos fins são diferentes delas. O exemplo que ele dá acima nos ajuda a entender isso: a arte médica é um meio para alcançar a saúde; a construção naval é um meio para obter um navio; a economia é um meio para obter a riqueza. São, portanto, bens instrumentais. Aqueles bens que são bens em si mesmos são denominados de bens intrínsecos.
Podemos observar, portanto, uma hierarquia entre bens, e os intrínsecos figurando ao topo. Ambos, bens instrumentais e bens intrínsecos, tendem a um fim.
3) O Sumo Bem
Aristóteles percebeu que não poderia haver apenas bens secundários, um bem desejado em função de outro. Era necessário que existisse um fim último para a ação humana. A esse fim último, Aristóteles refere-se como Sumo Bem, “o melhor dos bens”.
Como é o “melhor que existe”, o Sumo Bem deve ser objeto de um saber supremo, uma ciência que seja superior às outras ciências. Para ele, essa ciência era a Política. Dessa forma, podemos compreender que o bem para os seres humanos não deve ser alcançado individualmente e, sim, em coletivo, por toda a cidade.
4) Qual é Sumo Bem para o ser humano?
Já entendemos que toda ação tem um fim e deve haver um fim que seja um fim último. Entendemos também que deve haver um fim último para a ação humana e que será objeto da Política: “Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra” (Aristóteles, 1973, p. 249).
Ainda nos falta entender qual é a finalidade à qual o ser humano se dirige, esse fim que é o Sumo Bem, o mais alto de todos os bens que se pode alcançar pela ação.
Aristóteles diz que tanto as pessoas mais sábias quanto as pessoas menos doutas concordam que toda a ação humana tem como objetivo alcançar a felicidade. Se faz parte da natureza humana o desejo de ser feliz, o fim mais elevado não poderia ser outro e, por isso, há esse consenso.
No entanto, não há um consenso a respeito do sentido que a “felicidade” tem para todas as pessoas. O sentido que as pessoas atribuem à felicidade varia muito e é como se, de fato, não soubessem ou não fosse possível saber o que vem a ser a felicidade. Enquanto as pessoas sábias entendem que a felicidade é um fim em si mesma, as demais pessoas definem-na como se fosse “alguma coisa simples e óbvia, como o prazer, a riqueza ou as honras” (Aristóteles, 1973, p. 251).