AMENTO
A vista da minha janda
Olho daqui da janela do meu escritório e vejo lá embaixo um rio marrom, cercado por duas pistas est de petróleo, cada
uma delas riscada por dezenas de carros. A ampla paisapem é toda espetada de edificios de concreto e vidro. Tem
milhares de pessoas nesse espaço que avisto, mas daqui não enxergo o olhar de ninguém. Estão todos atras de janelas
espelhadas ou dentro de carros.
Vivemos num mundo tecnológico. O rio que corre aqui neste vale já não é mais rio - esgoto. O vale não é mais vale
é cidade, com suas avenidas. E as pessoas nem lembram mais que são pessoas - são funcionários, empresários,
motoristas, estudantes.
Ao longo do último século, a humanidade embarcou na ilusão de que não faziamos mais parte da natureza,
Acreditamos numa visão industrial do mundo, na qual pessoas são mão de obra e mercado consumidor, rios são canais
de escoamento, espaço público é rede viária. Somos peças de uma grande e suja máquina global de produção.
escoamento e consumo.
Ai, quando a gente assiste a um bebê nascendo, e ouve os urros animais do parto, e ve a forma instintiva como ele
suga o peito da mãe, é uma revelação. Somos bicho. Somos natureza. E também somos gente
E gente é um ser social. Não somos meras engrenagens de um mecanismo. Somos, isso sim, partes de uma teia social.
Nossa felicidade, nossa saúde, nossa sanidade dependem das nossas relações com outros humanos perto de nós. E por
isso que um bebê não ganha peso se não é abraçado. É por isso que morremos um pouco quando alguém próximo
morre. É por isso que não somos capazes de pensar com clareza quando não há afeto em nossa vida.
Não somos peças mecânicas. Somos células de um organismo maior, que é a comunidade onde vivemos. E ai fica
obvio o absurdo do que vejo pela janela: milhares de pessoas passando por ruas mortas ao redor de um rio morto
quase todas sozinhas.
Minha geração tentou transformar a natureza viva numa máquina. Ao longo dos meus 40 anos, vi rios virarem canais
de esgoto e cidades, redes viárias. Vi milhares de pessoas se afastando de suas comunidades para se dedicarem ao
papel de peças de uma máquina global - e perdendo sua felicidade, sua saúde, sua sanidude.
Acredito que o trabalho da geração de minha filha, que tem seis meses, será o de redescobrir a natureza que existe por
baixo dessa casca de metal e lixo. Será o de reencontrar a humanidade que escondemos sob a ilusão de que somos
máquinas. (Denis Russo Burgierman).
1- E possível perceber uma desilusão" do narrador a respeito da própria postura da sociedade, visível emvários
comentários e reflexões durante o texto. Um fragmento em que essa desido fica evidente é:
a) "A ampla paisagem é toda espetada de edificios de concreto e vidro. Tem milhares de pessoas nesse espaço que
avisto, mas daqui não enxergo o olhar de ninguém."
b) "O rio que corre aqui neste vale já não é mais rio - é esgoto. O vale não é mais vale - é cidade, com suas avenidas,
E as pessoas nem lembram mais que são pessoas - são funcionários, empresários, motoristas, estudantes."
c) "Ai, quando a gente assiste a um bebê nascendo, e ouve os urros animais do parto, e vê a forma instintiva como ele
suga o peito da mãe, é uma revelação. Somos bicho. Somos natureza."
d) "E gente é um ser social. Não somos meras engrenagens de um mecanismo. Somos, isso sim, partes de uma teia
social."
e) "Acredito que o trabalho da geração de minha filha, que tem seis meses, será o de redescobrir a natureza que existe
por baixo dessa casca de metal e lixo."
Respostas
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A é muita coisa pra ler
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0
Eu acho que é a alternativa E)
Espero que isso te ajude ❤️❤️
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