1-Há na poesia de Augusto dos Anjos uma referência constante à decomposição da
matéria. Transcreva um verso do poema que comprove tal afirmativa.
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Resposta:
POEMA: VERSOS ÍNTIMOS
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afoga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
ANJOS, Augusto dos. Versos íntimos. In: _____. Eu. 30. ed.
Rio de Janeiro, Livraria São José, 1965. p. 146.
Quimera: fantasia, sonho.
Vil: reles, ordinário; desprezível, infame.
Entendendo o texto:
01 – O texto é um soneto com o seguinte esquema de rimas: a, b, b, a/b, a, a, b/c, c, d/ d, d, c. Essa preocupação formal revela vestígios de um estilo que antecedeu o Pré-Modernismo. De que estilo se trata?
Do Parnasianismo.
02 – O poeta dirige-se a um interlocutor (que pode ser ele próprio), ressaltando a solidão de todo ser humano. Em que versos fica nítida essa ideia?
Nos dois últimos versos da primeira estrofe.
03 – Há na poesia de Augusto dos Anjos uma referência constante à decomposição da matéria. Transcreva um verso do poema que comprove tal afirmativa.
“Acostuma-te à lama que te espera.”
04 – O homem, entre feras, também se animaliza. Diante dessa constatação, que conselho o poeta dá ao seu interlocutor?
O conselho está nos dois últimos versos do poema