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Talvez eu não cause uma boa primeira impressão, mas essa é uma verdade: serial killers me fascinam. Até hoje não consigo explicar exatamente o porquê, mas eu poderia passar horas na 25th Street em Milwaukee lendo Helter Skelter sem parar. Gosto de assassinos em série com histórias de vida tão intrigantes e macabras quanto seus crimes, gosto dessa tempestade psicológica que só eles conseguem entender.
Isso só ilustra como eu me senti ao ficar sabendo de Monster, mesmo muito tempo depois de seu lançamento, e a satisfação por ter descoberto um filme incrível.
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Resumo
Este trabalho tem como objetivo a partir do ponto de vista, estrito, do trauma relacionar o comportamento delituoso da personagem principal do filme, como resultado de suas experiências durante a infância e adolescência. Trata-se de uma narrativa cinematográfica baseada na história real de Aileen Wuornos que entrou para a história como a primeira serial Killer dos Estados Unidos. Aileen nasceu quando sua mãe tinha 15 anos e a abandonou logo após o parto, sendo criada por seu avô que a espancava e a molestava sexualmente. Aos 13 anos teve um filho que foi entregue para a adoção. Com essa idade foi expulsa de casa por seus irmãos devido a sua reputação promíscua. Sem formação alguma e totalmente desamparada, física e emocionalmente, entrega-se a prostituição como forma de sobreviver. As vivências de abandono e abuso sexual contínuo foram assoladoras no seu psiquismo causando um rompimento com o sentido de realidade e civilidade: ela era um objeto e os homens eram coisas. Aileen conhece Selby, por quem se apaixona e vê nela a possibilidade de empatia e uma vida com significado, porém, ao contrário do que imaginava, Selby mostra-se narcisista e sem empatia alguma com a condição de Aileen. Ela deseja deixar a prostituição, mas sem preparo algum para a vida e a pressão exercida sobre ela pela amada, que não vê problema algum em que ela continue a prostituir-se para arrumar dinheiro para bancar as bebidas, prazeres e cigarros, faz com que ela desista, se resigne e retorne a prostituição. Ao fazer um programa ela é estuprada e esta violência a remete a infância e raciocina que matar os homens que a enojam e a horrorizam é reverter a situação, e em uma cultura de pulsão de morte racionaliza ser justificável e até desejável eliminar seus clientes, que ela enxerga como potenciais estupradores, desencadeando, assim, uma série de assassinatos que a levaram a ser presa, condenada, sentenciada e executada. Aos olhos dela, ela estaria fazendo justiça pois matando esses “possíveis estupradores” estaria impedindo vários crimes e protegendo várias crianças que como ela um dia já foram estupradas. “ Segundo Freud (1939, p.87) “ um trauma na infância pode ser imediatamente seguido por um desencadeamento neurótico. Pode-se destacar três pontos importantes referentes ao trauma: o aparecimento bastante precoce dessas experiências (durante os cinco primeiros anos de vida), o fato de serem esquecidas, e seu conteúdo sexual-agressivo - estão estreitamente intervinculados. Os traumas são ou experiências sobre o próprio corpo do indivíduo ou percepções sensórias, principalmente de algo visto e ouvido, isto é, experiências ou impressões”. Essa neurose pode durar um tempo considerável e provocar perturbações acentuadas, mas também pode seguir um curso latente e não ser notada. Só posteriormente realiza-se a mudança com que a neurose definitiva se torna manifesta, como um efeito retardado do trauma. (FREUD,1939, p.96 apud FAVERO ,2009, p.61) Um trauma pode levar um indivíduo a violar as ideias a respeito do mundo colocando-o num estado de extremo comprometimento cognitivo (confusão mental, diminuição na percepção, incredulidade e descrença) e emocional. (Ansiedade, desesperança, raiva, pânico, recusa em seguir regras ou ordens).
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