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O interesse por atendimento psicológico no Brasil não costuma seguir um padrão. De acordo com o Google Trends, quando olhamos para os últimos cinco anos, o pico de popularidade na pesquisa desse assunto aconteceu na semana de 8 a 14 de setembro de 2019 — possivelmente por influência da campanha do Setembro Amarelo. Mas, só nos seis primeiros meses deste ano, a média de 2020 já é três vezes maior que a de 2015 .
Na semana de 29 de março a 4 de abril de 2020, quando a maioria dos estados brasileiros já havia decretado quarentena, a busca por atendimento psicológico no Google chegou a 88%. A pesquisa por esse serviço on-line foi de 41%, enquanto na semana de maior popularidade do assunto, em 2019, a procura era de apenas 11%. Segundo o psicólogo e pós-doutorando da Faculdade de Medicina da USP, Daniel Fatori, tem duas questões que podem estar mexendo mais com as pessoas atualmente. “O fator do medo, tanto de pegar a Covid-19 quanto de que algum parente fique doente, e a própria questão do distanciamento social, para aquela parcela da população que realmente está aderindo.”
Com quase um mês de isolamento mais rígido, de 19 a 25 de abril, a busca pelo termo atendimento psicológico foi de 84%, enquanto a do on-line ficou em 33%. Depois de dois meses de quarentena, de 24 a 30 de maio, esses números eram respectivamente 76% e 50%. “Nesse momento de incertezas e de ter que ficar longe de quem você gosta em muitos casos, o atendimento psicológico pode ajudar muito”, afirma Fatori. Segundo ele, o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas está oferecendo uma espécie de plantão psicológico para atender, em especial, os profissionais de saúde. E ele mesmo está participando como voluntário de um outro projeto da Faculdade de Medicina da USP, voltado para o atendimento dos alunos de pós-graduação.