FAÇA UM PEQUENO COMENTÁRIO SOBRE A CRÍTICA SOCIAL APRESENTADA NESSES TEXTOS Luto da Família Silva
POR FAVOR
Moramos em várias casas e em várias cidades. Moramos principalmente na rua. Nós
pertencemos, como você, à família Silva. Não é uma família ilustre; nós não temos avós na
história. Muitos de nós usamos outros nomes, para disfarce. No fundo, somos os Silva. Quando
o Brasil foi colonizado, nós éramos os degredados. Depois fomos os índios. Depois fomos os
negros. Depois fomos imigrantes, mestiços. Somos os Silva.
usaram e usam nosso nome. É por engano. Os Silva somos nós. Não temos a mínima
importância. Trabalhamos, andamos pelas ruas e morremos. Saímos da vala comum da vida
para o mesmo local da morte. Às vezes, por modéstia, não usamos nosso nome de família.
Usamos o sobrenome “de Tal". A família Silva e a família “de Tal" são a mesma família. E, para
falar a verdade, uma família que não pode ser considerada boa família.
sangue que saía de sua boca era vermelho - vermelhinho da silva. Sangue de nossa família.
Nossa família, João, vai mal em política. Sempre por baixo. Nossa família, entretanto, é que
trabalha para os homens importantes.
família Rocha Miranda, a família Pereira Carneiro, todas essas famílias assim são sustentadas
pela nossa família. Nós auxiliamos várias famílias importantes na América do Norte, na
Inglaterra, na França, no Japão.
pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, na mata, nas
cozinhas, em todo lugar onde se trabalha.
os bois, levanta os prédios, conduz os bondes, enrola o tapete do circo, enche os porões dos
navios, conta o dinheiro dos Bancos, faz os jornais, serve no Exército e na Marinha. Nossa
família é feito Maria Polaca: faz tudo.
comum da miséria. Na vala comum da glória, João da Silva. Porque nossa família um dia há de
subir na política...
Respostas
Resposta:
cadê o texto ?
Explicação:
João da Silva - Nunca nenhum de nós esquecerá seu nome. Você não possuía sangue azul. O
sangue que saía de sua boca era vermelho - vermelhinho da silva. Sangue de nossa família.
Nossa família, João, vai mal em política. Sempre por baixo. Nossa família, entretanto, é que
trabalha para os homens importantes.
A família Crespi, a família Matarazzo, a família Guinle, a
família Rocha Miranda, a família Pereira Carneiro, todas essas famílias assim são sustentadas
pela nossa família. Nós auxiliamos várias famílias importantes na América do Norte, na
Inglaterra, na França, no Japão.
A gente de nossa família trabalha nas plantações de mate, nos
pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, na mata, nas
cozinhas, em todo lugar onde se trabalha.
Nossa família quebra pedra, faz telhas de barro, laça
os bois, levanta os prédios, conduz os bondes, enrola o tapete do circo, enche os porões dos
navios, conta o dinheiro dos Bancos, faz os jornais, serve no Exército e na Marinha. Nossa
família é feito Maria Polaca: faz tudo.
Apesar disso, João da Silva, nós temos de enterrar você é mesmo na vala comum. Na vala
comum da miséria. Na vala comum da glória, João da Silva. Porque nossa família um dia há de
subir na política
Espero ter ajudado
Assistência foi chamada. Veio tinindo. Um homem estava morto. O cadáver foi removido para
o necrotério. Na seção dos “Fatos Diversos" do Diário de Pernambuco, leio o nome do sujeito:
João da Silva. Morava na Rua da Alegria. Morreu de hemoptise. João da Silva - Neste momento
em que seu corpo vai baixar à vala comum, nós, seus amigos e seus irmãos, vimos lhe prestar
esta homenagem. Nós somos os Joões da Silva.