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Esta discussão pretende mostrar pontos relevantes de uma comparação entre a obra de David Hume e de Charles Darwin, no que toca às capacidades cognitivas humanas e de outros animais. Hume tem uma teoria que explica o conhecimento causal em termos de um instinto natural - o hábito. A presença de tal instinto pode ser entendida remetendo-se a uma teoria geral da natureza, onde o mundo é entendido como governado por leis e regularidades constantes, e sem a suposição da interferência de um plano ou desígnio. Isto conduz Hume à aproximação entre a capacidade cognitiva humana e a de outros animais, que também manifestam um aprendizado instintivo do tipo causal. Darwin, por sua vez, menciona uma graduação de diversas capacidades de conhecimento, diferenciando a ação instintiva da ação que resulta de deliberação e inferência; e aponta para o fato de que muitos animais apresentam um grau significativo de comportamento inteligente. Seu mecanismo de evolução por seleção natural pretende explicar essas características, tanto no homem como nos animais. Disso resulta contemporaneamente uma corrente em epistemologia que tem recebido o nome de epistemologia evolutiva, a qual, ao seguir declaradamente Darwin, carece de uma interpretação mais detalhada do pensamento de Hume, que poderia, supõe-se, oferecer elementos para o tratamento de questões epistemológicas tais como a da capacidade para o conhecimento causal.
Verifica-se um fértil intercâmbio entre filósofos e biólogos, de modo especial nas
investigações contemporâneas sobre a evolução humana. Avalio, inicialmente, o
compatibilismo como postura filosófica, que coloca em evidência a possibilidade de
que hábitos de interpretação, com base numa psicologia de senso comum, tenham
desempenhado um papel na evolução em nossa linhagem. Essa hipótese pode lan-
çar luz sobre dilemas que surgem na construção de uma teoria que pressuponha
a interação entre modalidades genética e cultural de herança. Para que a cultura
desempenhe essa função, é necessário que evoluam capacidades especiais para
a aprendizagem social, que estariam associadas a capacidades para interpretar o
comportamento de agentes.