"AMOR DE MÃE (Amaro Lessa) Tia Maria era a mais velha entre as irmãs. A mais viajada também. Várias vezes voltou à santa terrinha a passeio, juntamente com o tio Antonio, um português pão-duro que doía, mas, era mestre em fazer a alegria da criançada. Muito brincalhão, no mar da Póvoa de Varzim, em Portugal, gritava pra que todos ouvissem: -Maria, só vejo areia / E tu, minha “sireia”? Ela ficava uma fera! Tia Maria Laura era meio esquentada. Mas, na família havia uma irmã que a superava nesse quesito. Certa vez, ela e minha mãe, Maria Adelaide, tiveram que ir a Caxambu para resolver uma questão cartorária. Ficaram lá dois dias. Após solucionarem o problema, tia Maria, passeadora como ela só, queria ficar um pouco mais naquela acolhedora cidade mineira, porém, minha mãe queria voltar para casa, correndo. Deu briga! Dona Maria Adelaide, mandona, portuguesa daquele tipo “a mim ninguém „guverna‟!”, fez prevalecer sua vontade. Durante a viagem de volta, só se falaram quando já estavam chegando ao Rio de Janeiro. Minha mãe, preocupada com a divisão dos “presentinhos”, perguntou: -Maria, a quem tu vais dar o queijo Minas? De pronto, ouviu a seguinte resposta: - Cuida da tua „bida‟ que da minha cuido “eui”! Ela estava, mesmo, na bronca. Fui pegá-las na rodoviária. A todo momento, chegavam ônibus de tudo quanto era lugar. Em grande expectativa, o povão recepcionista não podia adentrar na área de desembarque e se amontoava atrás de uma grade limitadora. Havia muita gente naquela área de espera. Não demorou muito para o Caxambu-Rio estacionar poucos metros a nossa frente. Quando finalmente avistei as duas velhinhas, obtive autorização para ir ajudá-las. A cena que ocorreu foi hilariante: Após o beija-mão, para não me atrapalhar com a bagagem entreguei a “capanga” aos cuidados da tia Maria, e segurei as alças das duas malas que minha mãe já tinha em seu poder: -Larga, mãe!, pedi; -Não! Você está doido?! -Larga, mãe!, ordenei puxando; -Larga você!, retrucou ela puxando também; e arrematou: -Você não pode pegar este peso! Depois daquela me senti um fracote. Minha mãe, com pouco mais de um metro e meio de altura, já passada dos oitenta anos, sentia-se mais forte que eu. E a galera, bem ali a nossa frente, assistia àquela inacreditável cena. Minha paciência terminou depois desses puxa pra cá, puxa pra lá. Exasperado, gritei: -Larga esta p*$%#! Aí ela largou. “Pau da vida”, e meio envergonhado com aquela superproteção pública, fui me adiantando com as duas malas em direção ao estacionamento. Atrás de mim, a ladainha continuava: - Isto é muito peso pra você, meu filho! Apesar daquela insistência, pensei que o clima estivesse controlado. Qual nada! Minha mãe virou-se para a tia Maria e determinou: - Me dá a bolsa dele! Tia Maria respondeu com firmeza: - Ele “ma” deu pra segurar! Minha mãe retrucou: - Mas ele é meu filho! Vendo aquela discussão, parei e ponderei com veemência: - Vocês vão brigar por causa da bolsa? Aí a tia Maria lançou a capanga na direção da minha mãe que, então, sossegou o facho. Até chegarem a casa ficaram de bico, sem se falar. Atualmente, dona Maria Adelaide vai fazer 92 anos e dona Maria Laura já está lá no andar de cima, em companhia de São Pedro, aguardando a hora da minha mãe também subir para, finalmente, acertarem as contas. 2. Esta crônica é : * (A) Literária (B) Jornalística" https://docs.google.com/forms/d/1bErxWxy3_6O6V2v3OcXz2GSxfW9sYj4PIkjrSIL88Yo/viewform?edit_requested=true#:~:text=AMOR%20DE%20M%C3%83E,(B)%20Jornal%C3%ADstica
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O que é isso um livro? O que é pra eu fazer? Ler o livro??
Explicação:
Fiquei com mais perguntas do que respostas
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