TEXTO I - TÍTULO Leo, Pin e Fon
Velha, muito velha. Mais antiga que o mais antigo dos homens. Mais antiga que o mais antigo dos animais. Sólida, imensa, inabalável1. Por ela passaram tempos e ventos. As suas encostas abrigaram avalanches, florestas, tocas de ursos hibernados e ninhos de águias. Em seu ventre se ocultaram cavernas. Sua cabeça cingiu2 coroas de neves e de nuvens. Seu perfil separou tribos e vales. Seus nomes foram muitos e sempre um só: desafio. Eterna montanha, eternos penhascos, eterno pico chamando, chamando:
— Subam, subam! Cheguem até aqui!
Lá embaixo à noite, em volta das fogueiras, os habitantes da suave planície desfiam lendas sobre os aventureiros que tentaram a subida. São caçadores e camponeses queimados de sol e curtidos pelo trabalho. Eles também fazem parte de uma raça antiga, netos dos netos dos primeiros povoadores que chegaram ao lugar e assentaram3 suas tendas diante da grande deusa intransponível.
Acostumados a olhar para o céu, todos sabem que a montanha é mãe e é madrasta. Dela descem as águas que alimentam a terra, o gado e o trigo. Dela descem as violentas torrentes de primavera que inundam e matam. Dela brota a eterna esperança na existência de um mundo mais suave, mais abundante e mais justo. Terra de mel e fartura, paragem e pousada além do pico e da morte. Sol e calor após a neve e o frio.
Há séculos esses homens e essas mulheres acreditam que a eternidade é um sonho visível que mora do outro lado da montanha. Quem chegar lá será como os deuses. Por isso, a aldeia cultua a memória dos que foram e não regressaram. Talvez tenham morrido durante a jornada... mas talvez tenham se incorporado ao espírito eterno das rochas luminosas e flutuem para sempre nos limites estreitos que separam o céu e a terra.
Geração após geração, grandes obeliscos4 de pedras negras são erguidos na base da montanha. Cada um deles lembra a partida de um aventureiro que tentou a escalada e não voltou. Em vez de intimidar os mais corajosos, as pedras aumentam ainda mais o desejo de enfrentar o desconhecido, vencer o desafio e voltar com o horizonte dobrado no brilho do olhar.
Essa é a história da montanha, da aldeia e dos sonhos dos jovens daquele lugar. Agora, como sempre, há um grupo que planeja escalar a montanha. Eles se reúnem, conversam, escutam os conselhos dos mais velhos e estudam a melhor maneira de fazer a escalada. Mas, como os tempos são outros, resolvem formar uma equipe e enfrentar a aventura juntos: dois rapazes e uma moça, ela a primeira mulher a desafiar a montanha.
Como todos os membros de sua tribo, os jovens têm nomes de seres e coisas da terra. Os rapazes se chamam Leopardo Noturno e Grande Pinheiro. O nome da moça é Pequena Fonte. Entre si, eles se chamam simplesmente de Leo, Pin e Fon. Os três têm aproximadamente a mesma idade, mas cada um esconde um motivo pessoal, uma razão íntima e secreta para superar o medo e enfrentar o perigo.
Leopardo Noturno, o Leo, sonha com o poder. Uma das lendas mais antigas sobre a montanha diz que, numa profunda caverna, está escondido um diamante de infinitos poderes mágicos. Quem conseguir apanhá-lo se tornará um guerreiro invencível, capaz de dominar os ventos e as tempestades, tornando-se senhor das alturas e das planícies. É apenas para se apoderar desse diamante que Leo decide enfrentar a montanha.
Pin, o Grande Pinheiro, é um jovem movido pela vaidade. Ele sabe que, se conseguir chegar ao topo da montanha e voltar com vida, se tornará um herói da tribo e seu nome será lembrado por muitas gerações. Esse desejo de glória faz com que Pin não tema o risco de vir a ser mais um obelisco de pedra negra no sopé da montanha. O que também, no seu modo de ver, representa uma pequena forma de imortalidade. Sendo assim... nada há a temer.
Pequena Fonte, um pouco menor do que seus amigos, é a primeira jovem da tribo que vai tentar a escalada. Os pais e os amigos tentaram convencê-la a desistir da aventura, mas ela respondeu a todos com o sorriso mais alegre e confiante. Tudo o que Fon deseja é o prazer de enfrentar o mistério, de saborear a beleza das alturas. Poder, orgulho, ambição... nada disso alimenta o olhar sempre brilhante da garota.
(TELLES, Carlos Queiroz. Sete faces da aventura. KUPSTAS, Márcia, org. 3 ed. São Paulo: Moderna, 1992. p. 90-91. Coleção Veredas.)
QUESTÃO 01 - Com base no Texto I, Quem são Leo, Pin e Fon? *
bielfeii:
Fala mais coisa ai.
Respostas
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Resposta:
Leo é uma Pessoa que sonha com o poder
Pin é um grande Pinheiro e um jovem movido pela vaidade
Fon um pouco menor do que seus amigos,é a primeira jovem da tribo que vai tentar a escalada.
Explicação:
está tudo no texto mas espero ter ajudado
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