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Além de números pouco animadores das economias da China e da Alemanha, nos Estados Unidos, a inversão da curva de juros também deixou os mercados em alerta, despertando o temor de uma nova crise econômica mundial.
Para entender como os acontecimentos dos últimos dias podem impactar a nossa economia nos próximos anos, o Exponencial entrevistou dois especialistas: Joelson Sampaio, coordenador do curso de Economia da FGV EESP, e Vinícius Vieira, professor de Relações Internacionais da FGV.
Desaceleração da economia da China
Neste mês, a China divulgou informações que indicam a desaceleração da economia do país. Entre os dados que mais chamam a atenção estão os relacionados à produção industrial, atividade responsável por impulsionar os números chineses.
Entre julho de 2018 e o mesmo mês em 2019, a atividade cresceu apenas 4,8%, enquanto as expectativas do mercado eram de 6,0%. O valor representa o pior movimento em 17 anos.
- De que maneira a desaceleração da economia chinesa pode afetar a vida dos brasileiros?
Joelson Sampaio: Primeiro, é importante lembrar que a economia chinesa sofreu uma desaceleração, o que não quer dizer que ela vai deixar de crescer. Basicamente, ela vai crescer menos. Mesmo assim, isso afeta os países emergentes, como o Brasil, que é um grande parceiro comercial da China. Em resumo, crescer menos implica em importar menos do Brasil.
Sobre os impactos no bolso do brasileiro, eles podem ser sentidos de forma ainda muito marginal. Nesse sentido, acredito que o mais importante ainda é solucionar nossos problemas internos. Esse é o nosso maior desafio.
Vinícius Vieira: Com a desaceleração, a China passará a diminuir a demanda de produtos agrícolas, por exemplo. Hoje, existem, basicamente, dois produtos que nós exportamos para a China e que compõem as maiores fontes de equilíbrio da nossa balança comercial, que são soja e minério de ferro. E, se o nosso principal comprador demandar menos, nossa economia receberá menos dinheiro estrangeiro.
Isso significa que nós podemos ter mais instabilidade aqui, porque o que gera renda para o país - ainda mais em um cenário em que o nosso mercado interno não consome muito - é exportar. Então, se nós não exportamos muito, temos menos recursos e mais dificuldade para sair dessa situação de relativa estagnação econômica.