A MENINA E AS BALAS
Todos os dias a menininha estava lá: vendia docos na porta de uma lanchonete, perto de
uma pracinha, onde brincam quaso todas as crianças da redondeza. Mas ela não brincava,
só vendia doces. Mesmo porque ela não era moradora do bairro. Sempre chegava por volta
das quatro da tarde e ficava até os doces acabarem. Nos finais de semana ela chegava mais
tarde, mas nunca faltava. Devia ter uns oito anos e, às vezes, distraía-se olhando as crianças
brincarem.
Quando eu era menina queria ter uma fábrica de doces só para poder comer todos os
docos que eu quisosse; naquela época eu era muito pobre, o quaso nunca sobrava dinheiro
lá em casa para comprar doces. A menininha não comia nenhum. Ficava lá até vender todos.
Será que algum dla ela já desejou ter uma fábrica de doces só pra ela?
Todas as vezes que eu passava por ela pensava nessas coisas. Eu também desejava ter
uma fábrica de leite condensado, só para poder furar todas as latinhas que quisesse. Eu
sempre gostei de furar latinhas de leite condensado, e quando sobrava algum dinheiro lá em
casa, minha mãe dava um jeito de comprar uma latinha de leite condensado. Mas, como ela
não sabia cozinhar, nunca preparava nada com as latinhas, e eu furava todas, sempre
escondido dela, que fingia não saber.
Eu nunca pensava em vender os doces das lábricas dos meus sonhos, só pensava em
comé-los. Acho que os doces não foram feitos para serem vendidos por crianças, foram
feitos para serem comidos por elas. Mas aquela garotinha não comia nenhum, mesmo
quando não conseguia vendê-los.
Um dia, resolvi porguntar se ela não tinha vontade de comê-los, e ela me respondeu que
seu Irmão menor trabalhava em uma mercearla e que também não podia comer nada sem
pagar. Ela me disse que os doces não eram dela: ela os pegava em uma lojinha em Japeri,
perto de sua casa, no final do dia, acertava as contas com o seu Alberto, o dono da loja.
Adorava chupar balas e queria muito ter bastante dinheiro para poder comprar um monte de
uma vez. Mas não tinha. Nem tinha pracinha perto da casa dela, mas achava ótimo poder
brincar com as amigas na rua mesmo.
Uma noite, quando eu voltava do cinema, passel pela menina e percebi que ela estava
com multo sono, quase cochllando, a lanchonete ja la fechar e ela ainda tinha alguns doces
na caixa. Eu tinha acabado de assistir a um filme sobre crianças, um filme iraniano que eu
adoro e que foi um dos filmes mais bonitos que eu já vi chama-se Filhos do paraiso, e conta
a história de dois irmãos, um menino e uma menina; o menino perde o único par de sapatos
que a irmá possuía e os pais deles não tôm como comprar outro. Acho que todas as crianças
do mundo deveriam assisır a osso filme.
Contei o dinheiro que eu tinha na bolsa e cheguei à conclusão do que dava para pagar
todos os doces que anda restavam. Depois de ver um lllme como aquele, eu achava
impossivel deixar uma menininha daquelas coohilando no meio da rua, numa noite fria.
Olhe só, vou lhe dar esse dinheiro. Dá pra comprar todos os doces que você tem al, e
você não precisa nom me dar os doces, pode ficar com eles e vendê-los amanhà
Ela me olhou sem entender direito e disse que eu tinha que levar os doges,
Mas, menina, 6 a mouma colaar vocó ganha o dinheiro e ainda fioa com os doces, a
multo melhor pra você...
Melhor nada, minha mãe diz que eu não posso voltar pra casa enquanto nao vender
tudo)
Mas você vai vender, val levar o dinheiro que levarla se tivesse vendido tudo,
Tia, você não entendeu, eu não posso voltar com doce pra casa, senão au apanho da
minha mãe a do meu padrasto. Preciso ajudar em casa, minha mãe trabalha muito, lá om
casa com muita gonto pra comer tonho selo Irmãos, ó por isso que ou vendo doces,
mere ho aludar voco leva o dinhelro o alnda sobra O texto lido é um conto Que tipo de narração temos nele justifique com um trecho do texto
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muié num intendi foi nada! :l
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