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Os navios negreiros, em geral, comportavam, em média, de 300 a 500 africanos que ficavam presos nos porões em uma viagem que se estendia durante semanas. Partindo de Luanda, a viagem para Recife durava 35 dias, para Salvador durava 40 dias e para o Rio de Janeiro durava de 50 a 60 dias.
As condições de viagem eram extremamente desumanas, e os poucos relatos que existem da forma como os africanos eram trazidos para as Américas reforçam isso. O local no qual os africanos eram aprisionados (o porão) era geralmente tão baixo que os africanos não conseguiam ficar em pé e o espaço era tão apertado que muitos tinham que ficar na mesma posição durante um longo período.
A alimentação era escassa e era resumida a uma refeição por dia. O historiador Jaime Rodrigues aponta que no começo das viagens (quando a possibilidade de revolta dos africanos era maior), os traficantes de escravos davam uma quantidade de alimentos menor ainda, para evitar que eles se rebelassem|3|.
A água também quase nunca era potável e os alimentos disponibilizados eram feijão, farinha, arroz e carne-seca. A má alimentação, principalmente pela falta de uma dieta rica em vitaminas, fazia com que doenças, como o escorbuto (causada pela falta de vitamina C), fossem proliferadas. Outras doenças também se espalhavam pela sujeira dos locais que abrigavam os africanos. Os porões eram escuros, sujos e abarrotados de gente, de tal maneira que até respirar era difícil.
Outras doenças que grassavam nos navios negreiros eram varíola, sarampo e doenças gastrointestinais. A mortalidade média era de ¼ de todos os africanos embarcados|4|. Claro que poderia haver variações nas taxas de mortalidade, com algumas viagens tendo menor número de mortes e outras tendo um grande número de mortos.
Os relatos resgatados pelos historiadores já sugerem a motivação racista dos europeus no tráfico negreiro. Um exemplo foi trazido pelo historiador Thomas Skidmore com o relato de Duarte Pacheco, um navegante português que chamava os africanos de “gente com cara de cão, dentes de cão, sátiros, selvagens e canibais|5|.
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Tráfico negreiro no Brasil

Os africanos eram vendidos e informações como idade, sexo e origem eram importantes na hora de vendê-los.
O tráfico negreiro para o Brasil foi iniciado por volta da década de 1550, pelos motivos explicados anteriormente. O comércio ultramarino de escravos no Brasil estendeu-se por três séculos e encerrou-se somente em 1850, quando foi decretada a Lei Eusébio de Queirós. Na década de 1580, o tráfico negreiro já era uma atividade bem estabelecida no Brasil e teve sua atuação aumentada no período minerador.
Depois que o Brasil conquistou a sua independência, em 1822, o tráfico de africanos foi intensificado até a sua proibição definitiva, e, durante todo o período de existência desse negócio, o Brasil foi o país que mais recebeu africanos para a escravização no mundo. A quantidade de africanos trazidos para o Brasil e para a América é alvo de intenso estudo de historiadores.
O historiador Boris Fausto|6| afirmou que cerca de 4 milhões de africanos foram trazidos forçadamente para o Brasil. Thomas Skidmore|7|, apresentando dados de Philip B. Curtin, fala que o total de africanos trazidos foram de 3,65 milhões. A revisão desses números levou os historiadores à conclusão de que o total de escravos trazidos aproximou-se dos 5 milhões.
As historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling|8| afirmaram que o número de africanos trazidos para cá foi de 4,9 milhões. Já Felipe Alencastro|9| afirma que esse número foi de 4,8 milhões. Essas duas últimas estatísticas mencionadas são as mais recentes dentro da produção historiográfica. Estima-se que entre 11-12 milhões de africanos foram trazidos para a América.