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Do mesmo modo que classificamos a política brasileira como conturbada, podemos fazer isso com a nossa democracia. O Brasil Império possuiu um parlamento, mas durante muito tempo houve um poder moderador imperial que se sobrepunha ao Poder Legislativo. A passagem do império para a república deu-se por meio de um golpe, e os primeiros anos republicanos do Brasil não foram democráticos.
A partir de 1894 até 1930, o Brasil passa a conviver com eleições presidenciais com chapas formadas por oligarquias originadas em São Paulo e Minas Gerais. O que deu origem à Política Café com Leite, pois as oligarquias eram comandadas por grandes cafeicultores de São Paulo e grandes produtores de gado de Minas Gerais. O voto popular nessa época era controlado pelos coronéis locais, por meio do chamado “voto de cabresto”.
Em 1930, por conta de uma querela política envolvendo a nomeação de uma chapa paulista comandada por Júlio Prestes, o Brasil assiste a mais um golpe: a chamada Revolução de 1930, que leva ao poder o gaúcho Getúlio Vargas. Vargas mantém um regime ditatorial até que, em 1945, com novas eleições presidenciais, o Brasil vivencia a chamada República Nova.
Em 1964, mais um golpe assola a democracia brasileira: o golpe militar que dá origem à Ditadura Civil Militar Brasileira, a qual fica no poder até o ano de 1985, suspendendo a Constituição, fechando o Congresso por alguns períodos e acabando com a eleição presidencial. A partir de 1985, acaba a ditadura, mas a eleição presidencial não ocorre até o ano de 1988.
O respeito à democracia para a escolha presidencial deu-se somente pelo forte movimento “Diretas Já!”, que mobilizou milhões de pessoas pelo país. Desde 1988, vivemos uma democracia estranha, que muitas vezes parece não atender aos anseios e necessidades do povo. A difícil assimilação de nossa situação política é ainda um fator de estranhamento e de estudos sociológicos e políticos que sempre gera confusão e novas surpresas.
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