Respostas
Foi tão tumultuada a vida do poeta baiano que um biógrafo chamou-a de“vida espantosa”. Como filho de senhor de engenho, Gregório pôde estudar em Portugal,paraonde se mudou aos 14 anos de idade. Lá passou 32 anos, prósperos etranqüilos. Retornou ao Brasil, em 1682, nomeado para funções na burocraciaeclesiástica da Sé da Bahia. Durou pouco no cargo, do qual foi destituído em1683. Iniciou-se, então, a última fase de sua vida. O casamento com Maria dosPovos, a quem dedicou belíssimos sonetos, não impediu a decadência, social eprofissional, do Dr. Gregório. Ficou famoso em suas andanças e pândegaspelos engenhos do Recôncavo. Mais famosas ainda eram suas sátiras. Talvez por causa delas, foideportado para Angola, em 1694. Pôde retornar ao Brasil, no ano seguinte,mas para o Recife, onde morreu aos 59 anos de idade. Gregório de Matos Guerra ficou conhecido na história da literatura como oBoca do Inferno, por causa de suas sátiras e de sua poesia. Mas sendo umautor barroco e, portanto surpreendente e contraditório, esse mesmo Boca doInferno também disse coisas belíssimas sobre o amor, como nesse soneto quevocê acabou de ler. Comentário Podemos incluir o soneto de Gregório de Matos na tendência conceptistado Barroco, graças ao engenhoso desenvolvimento de uma única imagem, ada mariposa atraída pela chama que deverá matá-la. O sujeito lírico desdobra acomparação entre a sua situação e a da mariposa, explorando assemelhanças, para, na última estrofe, ponto culminante do soneto, estabelecera grande diferença: seu sacrifício é mais terrível do que o dela, por que inútil. Nosso poeta baiano merece que lhe dediquemos uma atenção especial. Para muitos historiadores, ele é o iniciador da literatura brasileira. Mas éinteressante observar ar que permaneceu inédito até meados do século XIX.Sua produção poética sobreviveu, até então, em livros manuscritos,colecionada por admiradores. As duas tentativas de publicação completa - porsinal, muito insatisfatórias - ocorreram já no nosso século XX: a edição da
Academia Brasileira de Letras, em 6 volumes (1923-1933), e a edição deJames Amado, em 7 volumes (1968). Gregório recebeu influências tanto do Cultismo de Góngora quanto doConceptismo de Quevedo. Seu espírito profundamente barroco pode serpercebido na contraditória diversidade dos temas que desenvolveu em suaobra: a. poesia sacra (temática religiosa) b. lírica amorosa c. poesia satírica d. poesia burlesca I. Poesia sacra Como autor barroco, não poderia faltar a poesia, religiosa em sua obra.Essa temática abrange um amplo conjunto, desde os poemas circunstanciaisem comemoração a festas de santos até os poemas de contrição e de reflexãomoral.