Leia o poema e responda as questões abaixo . LEIA TAMBÉM:
Poema de cordel CURTO: exercício de interpretação (foco narrativo)
Interpretação de CORDEL - Vaca Estrela e Boi Fubá (Patativa do Assaré)
Nordestino, sim, Nordestinado, não
Nunca diga nordestino
Que Deus lhe deu um destino
Causador do padecer,
Nunca diga que é o pecado
Que lhe deixa fracassado
Sem condição de viver.
Não guarde no pensamento
Que estamos no sofrimento
É pagando o que devemos.
A Providência Divina
Não nos deu a triste sina
De sofrer o que sofremos.
Deus o autor da criação
Nos dotou com a razão
Bem livres de preconceitos,
Mas os ingratos da terra
Com opressão e com guerra
Negam os nossos direitos.
Não é Deus que nos castiga,
Nem é a seca que obriga
Sofrermos dura sentença,
Não somos nordestinados,
Nós somos injustiçados
Tratados com indiferença.
Sofremos em nossa vida
Uma batalha renhida
Do irmão contra o irmão,
Nós somos injustiçados,
Nordestinos explorados,
Mas nordestinados, não.
Há muita gente que chora
Vagando de estrada afora
Sem terra, sem lar, sem pão,
Crianças esfarrapadas,
Famintas escaveiradas
Morrendo de inanição.
Sofre o neto, o filho e o pai,
Para onde o pobre vai
Sempre encontra o mesmo mal,
Esta miséria campeia
Desde a cidade à aldeia
Do sertão à capital.
Aqueles pobres mendigos
Vão à procura de abrigos
Cheios de necessidades,
Nesta miséria tamanha
Se acabam na terra estranha
Sofrendo fome e saudade.
Mas não é o Pai Celeste
Que faz sair do Nordeste
Legiões de retirantes,
Os grandes martírios seus
Não é permissão de Deus,
É culpa dos governantes.
Já sabemos muito bem
De onde nasce e de onde vem
A raiz do grande mal,
Vem da situação crítica
Desigualdade política
Econômica e social.
Somente a fraternidade
Nos traz a felicidade,
Precisamos dar as mãos,
Para que vaidade e orgulho
Guerra, questão e barulho
Dos irmãos contra os irmãos.
Jesus Cristo, o Salvador,
Pregou a paz e o amor
Na santa doutrina sua,
O direto banqueiro
É o direito do tropeiro
Que apanha os trapos na rua.
Uma vez que o conformismo
Faz crescer o egoísmo
E a injustiça aumentar,
Em favor do bem comum
É dever de cada um
Pelos direitos lutar.
Por isto, vamos lutar,
Nós vamos reivindicar
O direito e a liberdade
Procurando em cada irmão
Justiça, paz e união,
Amor e fraternidade.
Somente o amor é capaz
E dentro de um país faz
Um só povo bem unido,
Um povo que gozará
Porque assim, já não há
Opressor nem oprimido.
ASSARÉ, Patativa do. Ispinho e fulô. São Paulo: Hedra, 2005. p. 38-41.
QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO DO CORDEL (gabarito no final)
2. Por que o poeta diz "Nordestino, sim, Nordestinado, não"? Qual o sentido de cada uma dessas palavras para ele?
Respostas
respondido por:
0
Resposta:
no destino e nodestinado quase mesma coisa
Perguntas similares
3 anos atrás
5 anos atrás
5 anos atrás
7 anos atrás
7 anos atrás