Respostas
Resposta: A natação sempre foi uma área de interesse. Sou ex-atleta desse esporte e desde a minha infância
lido quase que diariamente com aspectos intimistas da natação, sendo que hoje em dia atuo na condição
de professora. Nesse contexto, a falta de representatividade negra é difundida como algo “natural”, o
que se sustentaria por elementos biológicos dos negros que os impediriam a ter sucesso nesse esporte.
Isso está dessa forma pré-estabelecido como um ‘senso comum’.
Colocando em dúvida essa posição e motivada em compreender a ausência dos negros na
natação, fui à busca de textos na área para melhor compreensão desse fenômeno. Fiz várias leituras na
área de fisiologia humana e do esporte , entre eles dos autores Bejan e colaboradores (2010), Allen e
Nickel (1969), entre outros que justificam a partir de fatos biológicos para essa falta de
representatividade dos negros dentro das piscinas. Nessas literaturas são identificadas quatro principais
características para essa argumentação: 1) a habilidade de flutuação ser menor em negros; 2) a
densidade corporal maior; 3) a antropometria; 4) o centro de massa maior em negros do que em brancos.
Dessa forma, fica claro que o argumento teórico para falta de representatividade negra dentro das
piscinas é que os negros têm características biológicas que dificultam ou impossibilitam sua
competitividade dentro desse esporte.
Porém, com o avanço da minha vida acadêmica acabei encontrando vários textos que discutiam a
definição da noção de raça, que me fizeram questionar sobre as literaturas no campo da fisiologia
humana e esportiva a respeito das características biológicas do negro na natação. Buscando mais
referências sobre assunto, encontrei variados discursos sobre raça. Os geneticistas afirmam que as
maiores partes das variações genéticas estão contidas dentro de uma determinada população fenotípica e
pequena porcentagem de variação genética aparece entre as chamadas “raças”, o que os leva a concluir
que como “agora, está demonstrado que essa classificação não tem qualquer significado genético ou
taxonômico, não há nenhuma justificativa para mantê-la” (Lewontin, 1972). Nos estudos feitos por
antropólogos, com o avanço da promoção do relativismo cultural, se entendeu que nenhuma cultura é
superior a outra, dessa forma “a raça como um significado cultural se constrói em simbiose com as
formas de relações sociais em que ele ganha relevância para os actos sociais em causa” (Almeida,
1997). Isso é, a noção de raça conhecida na antropologia clássica foi desconstruída e se tornou um viés
não reconhecido como condutor das pesquisas sobre o tema.
Explicação: espero que ajude!