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Elas são primitivas e universais. Nascem com o homem e estão presentes em todas as culturas, embora a maneira como se manifestam possa variar. Ainda assim, as emoções continuam desafiando cientistas e filósofos, que não sabem ao certo o que elas são e como se formam. Rir, tremer, suar frio, gritar, suspirar, entre outros, são demonstrações de diversos sentimentos e nem sempre têm o mesmo significado — o coração pode disparar de alegria ou de medo, por exemplo. Decifrá-las é mais do que sanar uma curiosidade. “A compreensão das emoções é a chave para o tratamento de distúrbios que vão da ansiedade à dependência química”, defende o psicólogo e neurocientista da Universidade de Nova York Joseph LeDoux.
Um dos maiores especialistas no assunto, LeDoux afirma que pouco se descobriu, até agora, sobre as bases neuronais das emoções. Para ele, a questão poderia ser aprofundada com a comparação entre o cérebro de homens e animais. “É interessante saber se emoções que percebemos conscientemente também estão presentes em outros animais. A partir daí, temos de comparar quais são as funções e os circuitos cerebrais envolvidos.” Depois de duas décadas de pesquisa, LeDoux afirma que um meio de colocar em prática essa abordagem é investigar as redes de neurônios envolvidas no instinto de sobrevivência — um dos mais rudimentares comportamentos em humanos e animais.
“Nem todos os circuitos vinculados à sobrevivência estão ligados diretamente às emoções, mas é claro que existe uma relação”, argumenta. “Quando ouve o som de espingarda, o veado congela e chamamos isso de medo. Obviamente, é emoção que, baseados em nossa própria experiência, atribuímos aos animais”, reconhece LeDoux. O psicólogo, contudo, sustenta que, ao investigar o cérebro de homens e bichos, será possível identificar que emoções são inerentemente humanas, logo mais complexas que as relacionadas ao instinto.