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conflito ficou conhecido como a Batalha de Pirajá e teve um papel decisivo na Guerra pela Independência da Bahia, pois assegurou a continuidade do cerco à cidade de Salvador, que estava sob o domínio das tropas portuguesas.
Foram mais de 4 horas de combate. O exército português era mais numeroso, além de melhor treinado e equipado. A vitória lusitana era dada como certa. Tanto o era que, diante da iminente derrota, o Comandante Barros Falcão ordenou o recuo das tropas brasileiras.
Mas eis que, em vez do toque de “recuar”, o corneteiro Luís Lopes deu o sinal de “cavalaria avançar” e, em seguida, o de “degolar”. E quem acabou partindo em retirada foram as tropas lusitanas, imaginando que os brasileiros tinham recebido reforços.
Cavalaria brasileira não havia mesmo. Mas a história (ou seria estória) do tal corneteiro é colocada em dúvida, tanto pela ausência de documentos históricos que comprovem a sua existência, como pelo fato de o episódio soar como lendário.
Poucos brasileiros compreendem a importância que os baianos dão ao dia 2 de julho. É preciso voltar no tempo para descortinar os acontecimentos da época e colocar em seu devido lugar a importância da participação do povo no processo que consolidaria o país como nação e que daria início à construção de nossa nacionalidade. Sob este aspecto, pode‑se dizer que uma parte da história de nossa Independência, à margem da vida e das decisões palacianas, foi escrita com sangue, suor e lágrimas. E não faltaram mártires e heróis naqueles episódios.
CLIMA DE ÓDIO
A situação na Bahia era explosiva havia algum tempo. Duas décadas antes do Grito do Ipiranga, os baianos viveram um espisódio traumático. Intelectuais, pequenos comerciantes, escravos e ex‑escravos articulavam uma insurreição contra o jugo de Portugal. O movimento, conhecido como a Conjuração Baiana, ou Revolta dos Alfaiates, foi abortado e várias pessoas acabaram presas, algumas delas expulsas do país. A mando do governador da província, militares portugueses enforcaram, na Praça da Piedade, em Salvador, os revoltosos Lucas Dantas, Manuel Faustino, João de Deus e Luís Gonzaga, todos negros. A repressão violenta deixou uma ferida que se abriria anos depois.
Diferentemente do que aconteceu em São Paulo, Rio e Minas, a Proclamação da Independência não produziu efeitos imediatos em províncias como a Cisplatina (atual Uruguai), Maranhão, Grão‑Pará e Bahia. Ao contrário, a opressão dos militares portugueses aumentou e foi preciso lutar para expulsá‑los do país. “Na Bahia, uma classe mercantil pujante conseguiu manter, em grande parte às suas expensas, tropas portuguesas fiéis ao governo de Lisboa. Para isso se fez uma guerra que, ao final, incorporou a Cidade da Bahia ao Império Brasileiro”, conta o professor Sérgio Armando Guerra Filho, mestre em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBa) e autor da dissertação O povo e a guerra: participação popular nas lutas pela Independência na Bahia (1822‑23).
De fato, grandes comerciantes, quase todos lusitanos, e latifundiários brasileiros donos de extensas terras na província baiana, onde produziam açúcar e tabaco à custa do trabalho escravo, temiam os movimentos emancipacionistas, que àquela altura defendiam ideias progressistas, como a autonomia política do Brasil, a implantação da República, o fim da escravidão e a abolição dos privilégios sociais. O clima era de ódio na província. Populares em bandos atacavam os militares portugueses a pedradas em locais como a Baixa dos Sapateiros. Estes revidavam quebrando vidraças e lanternas nas ruas, conta o escrito