• Matéria: Geografia
  • Autor: geovannaperlotti1510
  • Perguntado 3 anos atrás

Certa feita tomei o metrô rumo à
Praça da Sé. Eram meus primeiros dias em São Paulo e eu gostava de andar de metrô e ônibus. Tinha um gosto especial em
mostrar-me para sentir a reação das pessoas quando me viam passar; queria
poder ter a certeza de que as pessoas me identificavam como índio,
a fim de formar minha autoimagem.


Nessa ocasião a que me refiro,
ouvi o seguinte diálogo entre duas senhoras que me olharam de cima abaixo,
quando entrei no metrô.


– Você viu aquele moço? Parece que é índio – disse a senhora A.



É. Parece. Mas
eu não tenho tanta certeza assim. Não viu que ele usa calça jeans? Não é possível que ele seja índio usando roupa
de branco. Acho que ele não é índio de verdade – retrucou a senhora
B.



É, pode ser. Mas você viu o cabelo
dele? É lisinho,
lisinho. Só índio
tem cabelo assim,
desse jeito. Acho que ele é índio,
sim – defendeu-me a senhora
A.



Sei não. Você
viu que ele usa relógio? Índio vê a hora olhando para o tempo. O relógio do índio é o sol, a lua, as estrelas... não é possível
que ele seja índio – argumentou a senhora B.


– Mas ele tem olho puxado – disse a senhora A.


– Mas usa sapato e camisa – ironizou a senhora B.


– Mas tem as maçãs do rosto muito salientes. Só os índios têm
o rosto desse jeito. Não. Ele não nega. Só pode ser índio e parece dos puros.


– Não
acredito. Não existem mais índios puros – afirmou, cheia de sabedoria, a
senhora B.












Afinal, como um índio poderia estar andando de metrô? Índio de verdade mora na floresta, carrega arco e flecha, caça, pesca e planta mandioca. Acho que ele não é índio coisa nenhuma...


– Você viu o colar que ele está usando? Parece que é de dentes. Será que é de dentes de gente?



De repente até é. Ouvi dizer que ainda existem índios que comem gente – disse a senhora B.



Você não disse que achava que ele não era índio? E agora parece que está com medo?



Por via das dúvidas...



O que você acha de falarmos
com ele?



E se ele não gostar?



Paciência... ao menos nós teremos informações mais precisas, você não acha?



É, eu acho, mas
confesso que não tenho muita coragem de iniciar um diálogo com ele. Você pergunta? – disse a senhora B que
àquela altura já se mostrava um tanto constrangida.



Eu pergunto.


Eu estava ouvindo a conversa de
costas para as duas e de vez em quando ria com vontade. De repente
senti um leve toque de dedos em meu ombro.
Virei-me. Infelizmente elas demoraram a me chamar. Meu ponto de desembarque estava
chegando: olhei para elas, sorri e disse:


– Sim!!!








(Extraído do livro Histórias
de Índio. Companhia
das Letrinhas. SP, 1996. São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da cidade: povos indígenas: orientações pedagógicas. – São Paulo
: SME / COPED, 2019. 112p)





a)
Que tipo de pensamento “as senhoras” do texto têm sobre os indígenas? Você concorda com essas ideias?
Por quê

Respostas

respondido por: jessicanicolly119
0

Resposta:

Eu Nn entendi Nd? Poderia explicar mlhr

Explicação:

???


geovannaperlotti1510: a)
Que tipo de pensamento “as senhoras” do texto têm sobre os indígenas? Você concorda com essas ideias?
Por quê NAO TO ENTEDENDO NESSA
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