• Matéria: Pedagogia
  • Autor: Anônimo
  • Perguntado 3 anos atrás

1 Alguns fariseus e alguns mestres da Lei que tinham vindo de Jerusalém reuniram-se em volta de Jesus.
2 Eles viram que alguns dos discípulos dele estavam comendo com mãos impuras, quer dizer, não tinham lavado as mãos como os fariseus mandavam o povo fazer.

3 ( Os judeus, e especialmente os fariseus, seguem os ensinamentos que receberam dos antigos: eles só comem depois de lavar as mãos com bastante cuidado.

4 E, antes de comer, lavam tudo o que vem do mercado. Seguem ainda muitos outros costumes, como a maneira certa de lavar copos, jarros, vasilhas de metal e camas. )

5 Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram a Jesus: —Por que é que os seus discípulos não obedecem aos ensinamentos dos antigos e comem sem lavar as mãos?

6 Jesus respondeu: —Hipócritas! Como Isaías estava certo quando falou a respeito de vocês! Ele escreveu assim: “Deus disse: Este povo com a sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim.

7 A adoração deste povo é inútil, pois eles ensinam leis humanas como se fossem mandamentos de Deus. ”

8 E continuou: —Vocês abandonam o mandamento de Deus e obedecem a ensinamentos humanos.

9 E Jesus terminou, dizendo: —Vocês arranjam sempre um jeito de pôr de lado o mandamento de Deus, para seguir os seus próprios ensinamentos.

10 Pois Moisés ordenou: “Respeite o seu pai e a sua mãe. ” E disse também: “Que seja morto aquele que amaldiçoar o seu pai ou a sua mãe! ”

11 Mas vocês ensinam que, se alguém tem alguma coisa que poderia usar para ajudar os seus pais, mas diz: “Eu dediquei isto a Deus”,

12 então ele não precisa ajudar os seus pais.

13 Assim vocês desprezam a palavra de Deus, trocando-a por ensinamentos que passam de pais para filhos. E vocês fazem muitas outras coisas como esta.

14 Jesus chamou outra vez a multidão e disse: —Escutem todos o que eu vou dizer e entendam!

15 Tudo o que vem de fora e entra numa pessoa não faz com que ela fique impura, mas o que sai de dentro, isto é, do coração da pessoa, é que faz com que ela fique impura.

16 Se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam.

17 Quando Jesus se afastou da multidão e entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram o que queria dizer essa comparação.

18 Então ele disse: —Vocês são como os outros; não entendem nada! Aquilo que entra pela boca da pessoa não pode fazê-la ficar impura,

19 porque não vai para o coração, mas para o estômago, e depois sai do corpo. Com isso Jesus quis dizer que todos os tipos de alimento podem ser comidos.

20 Ele continuou: —O que sai da pessoa é o que a faz ficar impura.

21 Porque é de dentro, do coração, que vêm os maus pensamentos, a imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte,

22 os adultérios, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a calúnia, o orgulho e o falar e agir sem pensar nas conseqüências.

23 Tudo isso vem de dentro e faz com que as pessoas fiquem impuras.

Agora responda: Qual é a mensagem deste texto bíblico (Marcos 7,1-23) para a realidade do mundo atual?

Respostas

respondido por: Jesusmeajude1
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Resposta:

Explicação:

Para melhor entender é preciso conhecer alguns dados do Antigo Testamento. Quando Deus entregou a Moisés os mandamentos, eles tinham a função de orientar o povo para assim guardar a Aliança entre ele e o seu Deus.

No tempo do exílio, o povo de Israel sentia a necessidade de ser obediente a Deus. Dessa forma não perdia sua identidade no meio dos povos pagãos entre os quais estava exilado.

Ao mesmo tempo, isso servia de testemunho entre as nações. Por isso, era importante observar a Lei da melhor maneira possível, sem nada tirar ou acrescentar.

Mas, depois do Exílio os escribas fizeram tantas interpretações, tradições, jurisprudências em torno da Lei que a tornaram inacessível para o povo comum e perverteram sua intenção fundamental. Corria o risco de não ser expressão do Amor de Deus, da sua gratuidade e foi transformando-se progressivamente num exagero de normas, proibições, cuidados... E é o exagero o que faz mal, sobretudo quando se transforma em critério de boa conduta.

Os fariseus inventaram que só os que observavam todas estas invenções exageradas eram realmente bons judeus. Os outros que nem conheciam a Lei e as suas interpretações eram ignorantes e até desprezíveis.

Desde este contexto, entendemos melhor o diálogo entre os Doutores da Lei e Jesus. Os fariseus e os Doutores da Lei perguntaram a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, pois comem pão sem lavar as mãos?”. Eles estão no pecado, não podem fazer isso, é o “contrário” daquilo que é prescrito pela Lei.

A pergunta também está dirigida para Jesus que deixa que isso aconteça. Eles não são bons judeus, mas são do grupo dos impuros, ignorantes.

Jesus reage fortemente, chamando-os de hipócritas e desmascarando sua falsa religião: “Vocês abandonam o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens“.

Denuncia a tentação de esquecer a relação vital com Deus, por ritos e expressões externas esvaziadas de sentido. Já o Antigo Testamento manifesta a rejeição de Deus diante de uma religião ritualista: “Misericórdia quero, e não sacrifício" como tambèm é repetido várias vezes pelo Papa Francisco.

Chama a atenção a liberdade de Jesus diante das autoridades judaicas. Abertamente manifesta sua contrariedade e ruptura com o fardo pesado que tinha sido colocado sobre o povo simples como forma de servir a Deus.

Por sua vez, Jesus nos convida a descobrir a essência de sua proposta, que é a opção por construir o Reino de Deus.

Como é que Jesus revela o Reino que anuncia? Ele o faz, na medida em que se compadece dos pobres, na medida em que chama a si os que estão aflitos e sobrecarregados e os alivia, na medida em que traz a boa nova aos pobres, dizendo que a eles pertence o reino e na medida em que acolhe os oprimidos na liberdade e comunhão com ele.

Desse modo, o Reino que Jesus manifesta e instaura é um reino de compaixão e misericórdia. Participar dele é um presente que Jesus oferece à humanidade ao doar-lhe seu próprio Espírito, que opera nos homens e nas mulheres, que acolhem sua proposta, um novo nascimento (Jo 3,5-6).

Viver esta vida nova é um convite e um desafio à liberdade humana. O ser humano conforme sua opção contribui para a evolução deste mundo de acordo com o Plano de Deus.

A liberdade se constrói de uma opção ou orientação de vida.

O evangelho apresenta as “possibilidades de opção”: doar a vida ou guardá-la. Jesus colocou como centro orientador de sua vida o Reino, a vida plena da humanidade, e por essa causa, no uso pleno de sua liberdade, entregou sua vida cotidianamente até chegar ao máximo da entrega.

Quando Jesus chama a multidão para perto dele, é porque quer questionar as pessoas sobre onde estão construindo sua liberdade, em favor do reino (e isso seria vida pura) ou em favor de si mesmas (e aqui talvez pudéssemos situar a verdadeira impureza!).

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