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Resposta:Do ecodesenvolvimento ao conceito de desenvolvimento sustentável no Relatório Brundtland, da ONU, documento que coloca temas como necessidades humanas e de crescimento econômico dos países, pobreza, consumo de energia, recursos ambientais e poluição
As energias eólica, solar e a produzida por biomassa são apontadas
por especialistas como ecologicamente sustentáveis (Foto: Guerito)
As primeiras referências a desenvolvimento sustentável começaram a surgir em 1972, durante a primeira conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento, em Estocolmo, na Suécia. O termo utilizado então foi “ecodesenvolvimento”.
Em 1983, a ONU indicou a então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para chefiar a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que deveria aprofundar propostas mundiais na área ambiental. Quatro anos depois, em 1987, a comissão apresentou o documento Nosso Futuro Comum, mais conhecido como Relatório Brundtland.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi consagrado em 1987, com
o lançamento do relatório da ONU que levou o nome da primeira-ministra
da Noruega, Brundtland (Foto: P. Virot/OMS)
O documento passou a utilizar a expressão “desenvolvimento sustentável”, com a seguinte definição: forma como as atuais gerações satisfazem as suas necessidades sem, no entanto, comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades.
“Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas”, resume o Relatório Brundtland.
Em princípio, o conceito aponta para uma bela utopia que, se não irá se realizar plenamente, poderia, pelo menos, “corrigir” os rumos socioeconômicos e ambientais da Humanidade. Mas, ao explicá-lo, o texto do Relatório Brundtland se torna confuso, indicando, naquele momento, uma atitude vacilante diante dos grandes impasses que o tema colocava, e ainda coloca, para o sistema econômico vigente e para os países, tanto os desenvolvidos quanto os em desenvolvimento.
De acordo com o relatório, as limitações ao desenvolvimento sustentável estariam, por exemplo, não no modelo de crescimento, baseado na exploração dos recursos naturais e no estímulo ao consumo, mas nas “limitações impostas pelo estágio atual da tecnologia e da organização social, no tocante aos recursos ambientais, e pela capacidade da biosfera de absorver os efeitos da atividade humana”. Mas, continua o documento, “tanto a tecnologia quanto a organização social podem ser geridas e aprimoradas a fim de proporcionar uma nova era de crescimento econômico”.
Outra causa para a degradação ambiental, segundo o Relatório Brundtland, é a pobreza, pois “um mundo onde a pobreza é endêmica estará sempre sujeito a catástrofes, ecológicas ou de outra natureza”. Para atender às necessidades básicas de todos, o documento recomenda, então, “um crescimento potencial pleno, e o desenvolvimento sustentável exige claramente que haja um crescimento econômico em regiões onde tais necessidades não estão sendo atendidas”.
A ideia segue sendo desdobrada em uma lógica circular: onde as necessidades básicas já são atendidas, há desenvolvimento sustentável; se há desenvolvimento sustentável, ele é compatível com o crescimento econômico. E continua: “Mas o simples crescimento não basta. Uma grande atividade produtiva pode coexistir com a pobreza disseminada, e isto constitui um risco para o meio ambiente. Por isso, o desenvolvimento sustentável exige que as sociedades atendam as necessidades humanas, tanto aumentando o potencial de produção, quanto assegurando a todos as mesmas oportunidades”.
No artigo “Do ecodesenvolvimento ao desenvolvimento sustentável: evolução de um conceito?”, o professor de Gestão Ambiental da Universidade de Brasília (UnB) Philippe Pomier Layrargues afirma que a ênfase sobre as consequências da pobreza para o meio ambiente encobre outras causas que, segundo ele, seriam mais relevantes. Na avaliação de Layrargues, o Relatório Brundtland acentua “o círculo vicioso da pobreza” para justificar a continuidade do crescimento econômico e do consumo excessivo praticado pelos países desenvolvidos, que produzem o que ele chama de “a poluição da riqueza”.
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da melhor resposta pf