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O cronocentrismo corresponde a uma forma de desconsideração pelas sociedades passadas, impondo sobre elas bitolas de avaliação, juízos e condenações que não respeitam nem a sua lógica nem a sua integridade e são baseados em construções morais presentistas. Trata-se de um enviesamento comum, e escassamente reconhecido, que resulta de fraquezas metodológicas e conceptuais e de um parco e errado uso de formas comparativas de análise. A inexistência de deflatores sociais e um fetichismo pela inovação e pela mudança, a par de uma neofilia generalizada têm adensado o problema. Baseados na análise de múltiplos contributos teóricos sobre o conceito de cronocentrismo, apresentados ao longo das últimas cinco décadas, propomos uma matriz integradora capaz de lançar luz sobre o fenómeno e suas causas. A síntese produzida poderá constituir a base para estudos empiricamente conduzidos que testem a validade da chamada “hipótese cronocêntrica”.