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Os diversos documentos que tratam do processo de descobri-
mento, exploração, conquista e colonização do Novo Mundo são
conhecidos pela denominação crônicas das Índias, e existem três
tipos de texto: cartas-relatórios, relações geográficas e crônicas
(Mignolo, 1982, p.57-116).
As crônicas possuem uma dimensão literária e também ideo-
lógica, e são reflexo do pensamento renascentista, mesclado a tra-
ços medievais em que os cronistas tentam assimilar mentalmente
a realidade do Novo Mundo (Elliot, 1984). As expedições marí-
timas, financiadas, em sua grande maioria, pelo setor privado,
foram responsáveis também pela produção de milhares de docu-
mentos. Grande parte das crônicas foi gerada como uma obriga-
ção, já que o capitão da expedição tinha que descrever para o rei
suas atividades e como eram as novas terras descobertas.
Havia outros motivos para a preparação desse tipo de docu-
mentação. Poderiam ser gerados documentos pela vontade própria
de entender e dar a conhecer esse Novo Mundo, bem como com
o intuito de mudar a situação pessoal, defendendo-se de algum processo judicial ou mostrando seus feitos na esperança de con-
seguir méritos da coroa.1
Dentre esses documentos, havia aqueles de ordem etnográfica
que foram produzidos por cronistas que dominavam uma ou várias
línguas indígenas, como Toríbio Motolinia (1914), Bernardino de
Sahagún (1985), Diego de Landa (1966), Cristóbal de Molina, el
cuzqueño (1959), Juan de Betanzos (1968) e outros, que foram os
fundadores da etnografia e entenderam a dupla tragédia, militar e
cultural, vivida pelos indígenas e os ajudaram com seus escritos a
preservar a memória autóctone.
Quando se fala em invenção da América, esta representou a ne-
cessidade de forjar uma nova realidade social e cultural nesse Novo
Mundo, mundo, não continente nem terra. A América aparecia como
o lugar onde tudo podia ser modificado em oposição ao velho mun-
do. Isso originou ideias como as propagadas na obra Utopia, de
Thomas More (s. d.), que é um exemplo do pensamento humanista.
Utopia era o local onde imperavam o espírito de justiça social, a to-
lerância religiosa, a educação racional, a não violenta, o cultivo das
virtudes cidadãs e instituições democráticas e o repúdio à violência e
às guerras.
Apesar da influência do humanismo nessa época, poucos eram
os cronistas das Índias que sabiam latim, algo essencial a um verda-
deiro humanista. Suas preocupações eram de ordem material e de
sobrevivência, e raros foram os que mostraram em seus escritos ecos
utópicos.
Algo sempre presente nas crônicas e que reflete a tentativa de
compreensão do outro é o processo de alteridade. Todorov (1983),
pesquisador búlgaro, procura mostrar em sua obra que os espanhóis
descobriram, conquistaram e depois procuraram conhecer para po-
der dominar. Cortez foi um dos que mais buscaram informações
sobre o povo que ele almejava subjugar política e economicamente.
espero ter ajudado:)