• Matéria: Português
  • Autor: gta02
  • Perguntado 3 anos atrás

Tristeza! É o que sinto quando abro meus olhos e vejo a mais terrível escuridão, que não cessa. O único

remédio é fechá-los e deixar-me levar pelas lembranças.

Lembro-me como se fosse ontem: bem cedinho, o sol não havia nem acordado ainda, eu já estava na

estrada da minha cidade Santa Branca que nem asfaltada era, pura terra,

com uma brochura e alguns lápis dentro de uma sacolinha de arroz – pois nossa vida era difícil e papai só

ganhava o suficiente para não morrermos de fome e frio. Enquanto caminhava, a poeira batia em meus olhos e

os fazia ficar cheios d’água.

Eu ia cantarolando que nem um sabiá até chegar à escola Barão de Santa Branca, hoje bem conhecida na

cidade e antigamente a única. Recordo-me de que lá havia um muro para meninos e meninas não ficarem

misturados. Bobagem! Ai de nós se tentássemos olhar para elas... A régua cantava na palma de nossas mãos,

parecia que os professores sentiam prazer em fazer isso, eram rígidos demais.

Assim que saíamos da escola, eu e meus amigos íamos nadar atrás da fábrica de trigo, que hoje não existe

mais – nem a fábrica, nem as águas limpas. Depois íamos jogar bola atrás do mercado municipal, onde hoje é o

posto de saúde. Ficávamos parecendo tatus, a terra grudava nas roupas e na pele molhada. Depois disso

dávamos mais um pulo na cachoeira, pois se chegássemos assim em casa a vara de amora era o presente para

nossas pernas.

O mais engraçado era ver d. Dolores dirigindo. Se surgia uma nuvem de poeira, podíamos ter a certeza de

que era ela com seu Chevrolet. Afinal, era a única mulher de Santa Branca que dirigia.

Não posso me esquecer dos cortejos: a cidade inteira seguindo um caixão, sem saberquem estava dentro.

Havia uma banda que tocava para o defunto e ele tinha direito até a foto. Dá para acreditar nisso? Mamãe me

dizia para não dar risadas nem ir ver o rosto do morto, principalmente se fosse gente ruim, senão ele poderia

voltar para assombrar. O sino da delegacia tocava pontualmente às 21 horas para todos se recolherem, era uma

época bem perigosa. De noite a cidade era iluminada por lampião de querosene – isso a deixava mais sombria.

Foi minha melhor época, mas hoje sou velho, e a cegueira tomou conta dos meus olhos.

Tenho saudade do colorido que hoje só vejo em minha mente através das lembranças do passado.

Escuridão é o que eu vejo, mas jamais sairá de mim a magia de recordar.

(Texto baseado na entrevista feita com o sr. Sarkis Ramos Alwan, 41 anos.)

Após ler o texto com atenção, responda:



1. O texto está narrado em qual pessoa do discurso?


2. A autoria é da mesma pessoa sobre a qual se conta a história? Justifique.


3. Este texto pertence ao gênero:

( ) biografia ( ) autobiografia ( ) entrevista ( ) memórias literárias


4. O texto foi construído a partir de coleta de dados. Qual foi o recurso usado para isso?


5.De que fase da vida o narrador se lembra no texto?


7.Na infância do narrador, há mais momentos felizes ou tristes? Retire do texto um episódio que justifique sua

resposta.


8.Qual a importância das lembranças para este entrevistado em especial?


9.Qual detalhe mais lhe chamou a atenção sobre o que foi contado?


10. Justifique o título do texto.


II- Reescreva seu texto de memória literária, fazendo as adequações sugeridas por sua professora.

Respostas

respondido por: davilaarielly
0

Resposta:

precisa de ajuda aindaa meninaaaaa(o)

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