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Resposta:
A MORTE
A Ivo Barroso
A morte é um cavalo seco
que pasta sobre o penedo;
ninguém o doma ou esporeia
nem à boca lhe põe freios.
À noite, sob o nevoeiro,
é que flameja o seu reino:
não o da luz que viu Goethe
ao cerrar os olhos ermos,
mas o da espessa cegueira,
o dos ossos no carneiro
e o da carne atada às teias
sem alma que se lhe veja.
Ouço-lhe os cascos de seda:
são tão fluidos quanto a areia
que escorre nas ampulhetas
ou o sangue no oco das veias.
A morte escoiceia a esmo,
sem arreios ou ginetes;
não tem começo nem termo:
é abrupta, estúpida e vesga,
mas te embala desde o berço,
quando a vida, ainda sem peso,
nada mais é que um bosquejo
que a mão do acaso tateia.
Na treva lhe fulge o pêlo
e as crinas se lhe incendeiam;
em cada esquina ela espreita
quem há de tanger ao leito,
e ninguém lhe escapa ao cepo:
tiranos, mártires, reis
ou até antigos deuses,
por mais soberbos que sejam.
Embora só traga o preto
em seu corpo duro e estreito,
com ângulos que semelham
os de um áspero esqueleto,
A morte é estrito desejo:
deita-se lânguida e bêbeda
à lenta espera daquele
que a leve, sôfrego, ao êxtase.
Explicação:
Espero ter ajudado..
Resposta:
elegia íntima
minha mãe chorando no fundo da noite
rachou o silêncio do quarto adormecido
meu pai olhava o escuro não dizia nada
um relógio prego gotejava barulho
(ali no canto apagado na sala
o meu sorriso e mesmo brinquedo
que a mãozinha da criança quebrou)
e o resto e mesmo tristeza
(De os mortos)