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A Ginástica sempre foi proposta como prática corporal nos mais diferentes locais e períodos históricos. O termo Ginástica veio ganhando diferentes definições de acordo com épocas, culturas e interesses diversos (FIORIN, 2002). Em alguns momentos, chegou a designar toda e qualquer atividade física sistematizada, abrangendo desde exercícios militares até práticas esportivas.
No século XIX, passou por um processo de sistematização, denominado de Movimento Ginástico Europeu, que objetivava romper seus vínculos com práticas populares, além de disciplinar a população moral e fisicamente (SOARES, 2002). Deste processo, resultaram os Métodos Ginásticos.
Tais métodos foram os precursores da ginástica atual, assim como de diversas práticas da Educação Física. Eles “[...] tiveram desenvolvimentos simultâneos, favorecendo a troca de informações entre os mesmos” (FIGUEIREDO; HUNGER, 2010, p.193) e criando uma relação bastante dinâmica entre eles, na qual encontramos semelhanças e divergências.
Caracterizar os Métodos Ginásticos oriundos do Movimento Ginástico Europeu, relacionando-os, nos permite compreender a gênese e estruturação da Ginástica atual. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica que, segundo Marconi e Lakatos (2002), coloca o pesquisador em contato direto com o material já publicado em relação ao tema de estudo. A bibliografia consultada foi composta de livros, dissertações, teses e artigos científicos, publicados na área da Educação Física, sem delimitação do período de publicação, em razão da escassez de material que abordasse o histórico e as características da Ginástica, assim como foram priorizados os materiais pertencentes aos idiomas português, inglês e espanhol.
Inicialmente foi feita uma leitura exploratória, que determinou qual material tinha relevância para a pesquisa (GIL, 2010), seguida por uma leitura analítica que foi fundamental para a ordenação das informações obtidas, de forma que viessem a responder os problemas da pesquisa (GIL, 2010).
Os dados obtidos na análise do material foram utilizados para a construção de uma narrativa que caracteriza e estabelece uma relação entre os Métodos Ginásticos e a Ginástica atual.
O Movimento Ginástico Europeu
Na Europa, no século XIX, era comum apresentações de ruas de funâmbulos, acrobatas e artistas.
Nos meios urbanos, são diferentes manifestações lúdicas de caráter popular realizadas com base nas atividades circenses que se impõem [...]. Suas apresentações aproveitavam dias de festas, feiras, mantendo uma tradição de representar e de apresentar-se nos lugares onde houvesse concentração de pessoas do povo. Artistas, estrangeiros, errantes. Situados no limite da marginalidade fascinavam as pessoas fincadas em vidas metrificadas e fixas. Eram ao mesmo tempo elementos de barbárie e de civilização nos lugares por onde passavam (SOARES, 2002, p. 24, 25).
O grande fascínio gerado por tais exibições passou a ser motivo de apreensão do Estado, “pois seu modo de ser e viver desafiava as instituições, tão caras à sociedade que as inventara de modo tão profundo” (SOARES, 2002, p. 25). Desse modo, como reação a tais acontecimentos, surge o Movimento Ginástico Europeu, um processo de sistematização da Ginástica, com o intuito de moralizar os indivíduos e a sociedade.
Embasado nas ciências biológicas e influenciado pela Revolução Industrial em ascensão, difundia o higienismo e trazia como princípios a utilidade dos gestos e economia de energia. De caráter disciplinador, ordenativo e metódico, exigia o afastamento de seus vínculos populares, do uso do corpo como simples entretenimento. Surgia aí a chamada Ginástica Científica que deu origem aos Métodos Ginásticos (SOARES, 2002).
“Estes métodos foram sistematizações criadas por médicos, pedagogos ou militares que tentavam organizar a prática das atividades físicas” (FIORIN, 2002, p. 25-26). Tinham em comum a valorização da saúde por meio da prática regular de exercícios físicos associados à transmissão de preceitos sociais extremamente patrióticos, e se diferenciavam por serem específicos às necessidades de suas populações.
A ascensão destes Métodos se difundiu por toda a Europa, dotada de um sentimento nacionalista como forma de causar melhorias físicas aos jovens que enfrentariam as guerras da época, bem como melhorias étnico-raciais à nação (FIGUEIREDO; HUNGER, 2010, p.193)
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