2.Quem eram os candangos e como eram suas condições de vida e de trabalho
3.Por que a nossa Nova foi associada às mudanças que ocorriam no Brasil durante o governo de JK?
Respostas
Resposta:
2. De acordo com o censo daquele ano, esses 256 primeiros migrantes procediam, na maioria, do Norte e do Nordeste do país. Eram os primeiros “candangos”, como ficaram conhecidos aqueles trabalhadores pioneiros, que vinham atraídos pela possibilidade de um novo começo e novas oportunidades.
“Tempos que não voltam mais…” – A ‘fala’ dos candangos.
“Eu vim pra cá por causa da fome. Passava fome demais.Só tinha 6 cruzeiros no bolso e a fé. Só a fé. Posei demais na casa de gente estranha na estrada até chegar aqui. Mais o povo dizia pra gente que aqui ia ter emprego pra todo mundo e hoje eu tenho até casa.” 10 O presente tópico pretende analisar os discursos, a “fala” popular dos candangos e o imaginário inerente a esta, suas representações que nos permitem entrar na percepção11 e na construção da realidade, articulando com o imaginário, segundo Carvalho (1996), seus “elementos ordenadores, valorativos, mobilizadores, interpelativos, transformativos, veiculadores de construtos enunciativos com valor de verdade, aceitos como tal (pag. 3).”
O conceito de “discurso” utilizado pelas ciências humanas é resultado da recorrência ás ciências da linguagem. Propõe-se assim, uma análise do que falam os candangos, os sentidos que estão ligados a essa, sendo o candango o autor e sujeito desses acontecimentos por ele narrados. Não se propõe aqui a consideração da tradicional dicotomia cultura popular- cultura erudita ou letrada, já que o que é produzido por essas integram plenamente a noção de discurso. As vozes populares fazem parte do momento histórico aqui tratado. Através destas, os pioneiros traduzem suas esperanças, objetivos, vivências. Seu Tiago, 68 anos, não sabe ao certo quando chegou a capital, “talvez em 59” diz ele. Veio de Taguatinga cidadezinha do interior de Tocantins. Quando aqui chegou logo arrumou emprego na NOVACAP “Trabalhei lá naquela igreja (Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida) que tem as ponta (sic.) assim (faz gesto com as mãos e os dedos em riste) pra cima. Minino, aquilo era um barro só. A gente trabaiava (sic.) o tempo todo. As casa era tudo de lona, só as carcaça, mais o povo dizia que depois todo mundo ia ter imprego. Se num fosse pra Brasília num tinha minha casinha hoje, que eu num sô bobo.”
Para Seu Tiago ir para o centro do país e erguer uma cidade eram também a possibilidade de erguer uma nova oportunidade. Ir para o local onde se construía a nova capital era uma “aventura”. Para os olhos de seus familiares, ele estava cometendo uma loucura. Ao fazer do “inseguro” e do “incalculável” os pressupostos de sua ação, a ação do aventureiro se torna loucura para o homem sóbrio. O aventureiro é autoconfiante, portador da 11″segurança sonâmbula”, os homens e mulheres que construíram Brasília tem a memória impregnada pela representação da aventura. O raciocínio de Seu Tiago visto na citação inicial, define bem essa nova proposta de vida. A busca por benefícios, no “oásis” goiano define bem o que é ser candango. O caçador de sonhos. A mitificação de JK é então transferida para a 12″massa anônima”. Os sujeitos que realizaram a obra são enfatizados e não a cidade. 13″O herói-povo, construtor do seu destino.”