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RESPOSTA:
A atuação internacional dos Estados Unidos da América admite diversas formas de relacionamento e intervenção. Uma das mais destacadas e únicas dessas alternativas de ação internacional reside em sua capacidade militar, isto é, na possibilidade de intervenção armada no desenrolar de um relacionamento político em escala mundial. Ainda que se possa querer tomar como indicador dessa capacidade de intervenção o acervo do poder dos Estados Unidos em termos gerais, a possibilidade de ação armada exige que se considere a dimensão propriamente tática, isto é, do uso da força no combate. Essa dimensão exige que se considere a organização humana, material e cognitiva pela qual se articulam unidades militares capazes de ação combatente, e como se sustentam essas capacidades ao longo do tempo.
Na medida em que se reconhece o papel único da capacidade militar dos Estados Unidos, essa questão se destaca das demais. Por um lado, o que os Estados Unidos são e não são capazes de fazer em termos combatentes, a que alcances desde suas posições de tempo de paz, e em que escala de tempo se torna uma variável chave, decisiva para quaisquer considerações de segurança. Por outro lado, quanto de força os Estados Unidos podem colocar em campo num determinado alcance, e num determinado tempo, é o insumo para a consideração adequadamente informada das possibilidades de recurso à força, seja na esperança do apoio dos Estados Unidos, seja em termos de avaliar a possibilidade de resistência à sua ação. Dada a centralidade da questão da segurança, e da possibilidade de recurso à força, no sistema internacional, a apreciação da capacidade de intervenção dos Estados Unidos e as especificidades de sua projeção de poder são essenciais para a consideração plena das Relações Internacionais, em particular para quaisquer estudos ou análises de Política Internacional.
Nos últimos vintes anos, os Estados Unidos da América vêm re-arranjando a sua estrutura militar em resposta à mudança da percepção política dos cenários de possível emprego de força. O resultado desse processo foi o aumento paulatino de sua capacidade de intervenção militar. Esse aumento resultou de uma política de segurança nacional (national security policy; mais recentemente, por motivos retóricos, a national security strategy) que visava dar conta de crises regionais em áreas do mundo de seu interesse, de maneira pronta e decisiva. O principal resultado desse processo foi o estabelecimento de uma Força de Deslocamento Rápido (Rapid Deployment Force RDF), originalmente pensada para a questão de resposta a uma crise anti-soviética no Golfo Pérsico, mas que evoluiu para um arcabouço de uso mais amplo ao longo do tempo. É por meio desse enquadramento que os Estados Unidos têm pensado, preparado e feito a projeção de força desde o fim da Guerra Fria