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No livro "Sociedade do Cansaço" de Byung-chul Han, a depressão é apontada como o adoecimento de uma sociedade que sofre sob o excesso de positividade. Nesse sentido, a superprodução, o super desempenho e a supercomunicação vigentes neste século XXI são vistos como ameaças as forças humanas de defesa. Contudo, embora tais fatores corroboram para o aparecimento da patologia, no hodierno contexto brasileiro, a prolongada crise econômica e social se manifesta como um mal estar social - conjuntura apta para o desenvolvimento de transtornos emocionais na população. Assim, cabe a análise acerca de causas, consequências e possível solução da problemática.
Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função da coercitividade existente nas relações sociais contemporâneas, há uma intensa busca pelo alto desempenho que excede o indivíduo. No Brasil, por exemplo, a incidência de quadros depressivos é mais frequente na idade ativa do ser humano – de acordo com pesquisa divulgada pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz -, o que significa que a condição financeira afeta diretamente a saúde pessoal e, nesse contexto, está relacionada ao alto índice de desemprego, o elevado custo de vida, e a outros ataques à integridade socioeconômica da população. Com efeito, esse descompasso acaba afligindo majoritariamente os cidadãos de classe social mais inferior do país.
Por conseguinte, o grau de exigência que essas pessoas são submetidas e a dificuldade de atender às expectativas sociais corrobora para situações de estresse e desgaste físico. Ainda, somados a esses fatores fixos, se tem os adicionais do momento, que são os avanços das tecnologias. Conforme aponta a psicanalista Luciana Saddi, diretora da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, esse fator contribui para a ruptura de muitos vínculos afetivos. Logo, percebe-se uma exacerbação do individualismo, em que ocorre uma repressão dos sentimentos em relação ao outro, contribuindo na construção de um sujeito solitário e enfraquecido. Desse modo, é notório a necessidade do debate acerca da importância do cuidado à saúde mental na sociedade brasileira.
Impende, portanto, que o alto número de quadros depressivos e distúrbios mentais deixe de ser realidade. Sendo assim, os governos municipais, através de investimentos e fundos estatais, devem criar grupos comunitários de conversa e ajuda mútua à transtornos emocionais, juntamente da mídia como fonte divulgadora de centros de apoio, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), para casos de apoio emocional e psicológico. Outrossim, é de suma importância o Poder Público promover políticas públicas de geração de emprego, bem como fornecer programas estatais como o bolsa família, que garantam as condições básicas de saúde e alimentação da população. Feito isso, alcança-se-á, em médio e longo prazo, abertura para prevenção e suporte de tantos quadros depressivos.