• Matéria: Português
  • Autor: pedrohenrique6973
  • Perguntado 3 anos atrás

qual o tempo do conto o vagabundo na esplanada ​

Respostas

respondido por: cidasousa7735
1

Resposta:

Pode ser considerado atemporal já que não existe um tempo definido na historia

Explicação:

O Vagabundo na Esplanada

A surpresa, de mistura com um indefinido receio e o imediato desejo de mais acautelada perspectiva

de observação, levava os transeuntes a afastarem-se de esguelha para os lados do passeio. Pela clareira que se

abria, o vagabundo, de mãos nos bolsos das calças, vinha, despreocupadamente, avenida abaixo.

Cerca de cinquenta anos, atarracado, magro, tudo nele era limpo, mas velho e cheio de remendos. Sobre

a esburacada camisola interior, o casaco, puído nos cotovelos e demasiado grande, caía-lhe dos ombros em

largas pregas, que ondulavam atrás das costas ao ritmo lento da passada. Desfiadas nos joelhos, muito curtas,

as calças deixavam à mostra as canelas, nuas, finas de osso e nervo, saídas como duas ripas dos sapatos

cambados. Caído para a nuca, copa achatada, aba às ondas, o chapéu semelhava uma auréola alvacenta.

Apesar de tudo isso, o rosto largo e anguloso do homem, de onde uns olhos azuis-claros irradiavam

como que um sorriso de luminosa ironia e compreensivo perdão, erguia-se, intacto e distante, numa serena

dignidade. Era assim, ao que se via, o seu natural comportamento de caminhar pela cidade.

Alheado, mas condescendente, seguia pelo centro do passeio com a distraída segurança de um

milionário que obviamente se está nas tintas para quem passa. Não só por educação mas também pelo simples

motivo de ter mais e melhor em que pensar. O que não sucedia aos transeuntes. Os quais, incrédulos ao primeiro

relance, se desviavam, oblíquos, da ambulante causa do seu espanto. E à vista do que lhes parecia um homem

livre de sujeições, senhor de si próprio em qualquer circunstância e lugar, logo, por contraste, lhes ocorriam

todos os problemas, todos os compadrios, todas as obrigações que os enrodilhavam. E sempre submersos de

prepotências, sempre humilhados e sempre a fingir que nada disso lhes acontecia. Num instante, embora se

desconhecessem, aliava-os a unânime má vontade contra quem tão vincadamente os afrontava em plena rua.

Pronta, a vingança surgia. Falavam dos sapatos cambados, do fato de remendos, do ridículo chapéu. Consolava-

os imaginar os frios, as chuvas e as fomes que o homem havia de sofrer. No entanto, alguém disse:

- Devia ser proibido que indivíduos destes andassem pela cidade.

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