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Saudações colega!
Não vejo nessa questão muito de teoria sociológica. Na verdade, se trata mais de uma questão, até mais cara à Filosofia do que propriamente à Sociologia, que é a questão do senso moral: ao levar o dinheiro no saco, numa evidente representação de abundância desse dinheiro, a menção é que estão sendo levados para uma pessoa os recursos que seriam destinados à saúde, educação, entre outros direitos sociais.
A tarja nos olhos faz menção explícita a figura do ladrão, o que torna explícita a intenção do cartunista em passar na imagem a ideia de roubo. O terno azul, acompanhado de gravata preta, e um andar com algo de elegante, mostra a figura de um "ladrão de colarinho branco", o que é uma referência a conhecido estereótipo do político brasileiro.
O pai e o filho estão representados em perspectiva para sinalizar distância do acontecimento principal, o que denota a impotência frente ao fato, bem como de sua indignação, inócua também frente ao acontecimento. O andar do personagem principal também denota que ele não se esconde, o que traduz a ideia de impunidade: a corrupção permitida aos olhos e ouvidos de todos.
Um detalhe é interessante: o pai menciona ao filho não o dinheiro roubado; mas sim os *direitos* roubados. E nessa perspectiva pode ser útil a leitura da cidadania como amálgama de direitos (civis, políticos e sociais) presente na obra de T.H. Marshall. É isso.