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Olá.
Durante o mês de junho, foram iniciadas ao redor do mundo, bem como no Brasil, diversas manifestações e protestos denunciando o racismo contra pessoas negras praticado reiteradamente tanto pelos diferentes governos e suas instituições quanto pela sociedade. Essas ações políticas, organizadas principalmente pelos movimentos negros e antirracistas, buscam chamar a atenção para o caráter sistêmico e estrutural das desigualdades raciais. Apontam que, se queremos construir uma sociedade equânime, é necessário compreender qual o papel que cada estrutura socioeconômica desempenha na reprodução do racismo a fim de desenhar estratégias eficazes para o seu enfrentamento. A educação, enquanto elemento nevrálgico para qualquer mudança, é essencial nesse debate, de modo que, sem uma educação efetivamente antirracista, não é possível pensar em uma sociedade igualitária.
O antropólogo Kabengele Munanga, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos principais estudiosos das relações étnico-raciais na sociedade brasileira, em recente webinário promovido pelo canal Tudo Educa refletiu sobre como a atual conjuntura revela tensões e conflitos de caráter histórico e que não se restringem ao contexto de um só país:
O Brasil, por questões históricas, faz parte dos países do mundo em que o racismo faz vítimas e engendra desigualdades entre brancos e não brancos. O que ocorreu nos EUA, com o assassinato do africano-americano George Floyd pela polícia, é um fenômeno que acontece naquele país desde que os africanos foram escravizados. A violência letal policial que vemos pelas imagens fornecidas pela imprensa não é novidade naquele país. Os africanos-americanos sempre se mobilizaram para protestar e exigir justiça, mas os protestos nunca explodiram com tanta força no país todo, nunca atravessaram as fronteiras americanas para as grandes metrópoles ocidentais, como Londres, Paris, Berlim e Amsterdã, e o sul asiático, como Japão, Coreia do Sul, entre outros. Em plena pandemia, milhares de pessoas saíram de seus respectivos isolamentos, expondo-se à contaminação de covid-19, para prestar solidariedade aos negros americanos e de outros países, como o Brasil e outros da América Latina, para dizer chega ao racismo.”
Espero ter ajudado, bons estudos :)