Respostas
Resposta:
Onde está a água doce brasileira?
Cerca de 80% da água doce do País está na região Amazônica; os outros 20% abastecem larga extensão do território brasileiro onde habita 95% da população. No Brasil, a vazão média anual dos rios equivale a 12% da disponibilidade mundial de recursos hídricos. Se consideradas as vazões oriundas de rios localizados no Uruguai, Paraguai e em países da região Amazônica, esse percentual, no entanto, pode crescer e alcançar 18% do total global, conforme relatado pelo Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Este conjunto de cursos de água estão distribuídos pelo território brasileiro por 12 Regiões Hidrográficas (RH): Amazônica, Atlântico Leste, Atlântico Nordeste Ocidental, Atlântico Nordeste Oriental, Atlântico Sudeste, Atlântico Sul, Parnaíba, São Francisco, Tocantins-Araguaia, Uruguai, Paraguai e Paraná. De modo geral, temos uma situação hídrica muito confortável: 33.376 m3/habitante/ano. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima em 2.500 m³/habitante/ano o volume de água suficiente para manutenção dos ecossistemas aquáticos e para o exercício das atividades humanas, sociais e econômicas. Contudo, observação mais detalhada revela distribuição desigual dos recursos hídricos. Enquanto um habitante do Amazonas dispõe de 700.000 m³ de água por ano, um habitante da Região Metropolitana de São Paulo tem apenas 280 m³/ano. Na RH Atlântico Nordeste Oriental, que abrange os estados do Piauí, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas, a relação é de 1.145 m³/hab/ano, consequência da variação de precipitações nessa área. Também em sub-regiões do Paraná (Tietê) e do Atlântico Sudeste (Litoral Rio de Janeiro), a baixa disponibilidade de água por habitante (de 1.000 a 1.700 m³/hab/ano) é resultado da elevada concentração populacional.
Quais as tecnologias recomendadas para adequação de propriedades para captação de água das chuvas, recarga de lençóis freáticos e revitalização de mananciais e riachos?
Barragens ou "miniaçudes" para captação de enxurradas, que promovem a infiltração da água no solo, interceptando fluxos de erosão laminar podem favorecer o aumento da umidade no solo e a elevação do lençol freático. Essas tecnologias têm como principal função a recuperação de áreas degradadas pela chuva, além da revitalização e da perenização de mananciais com água de boa qualidade e da amenização de secas e enchentes. Tecnologias para a construção de minibarragens têm sido implementadas em diversas regiões do País desde 1993, trazendo benefícios ambientais, sociais e econômicos para as populações locais. Estão catalogadas 150 mil barraginhas que tiveram envolvimento direto da Embrapa. Foram treinados mais de 600 técnicos das Emateres em 12 anos. Com os técnicos capacitados e a indução via programas de TV, revistas, jornais, etc, foi possível a construção de outras 300.000 barragens pela iniciativa privada. Estima-se, atualmente, cerca de 500 mil minibarragens e miniaçudes em todo o Brasil. Além da tecnologia para construção de barragens, estão disponíveis para as propriedades as tecnologias de conservação do solo e da água como o plantio direto, os sistemas integrados e o terraceamento – técnica agrícola de plantio em nível para a contenção de erosões causadas pelo escoamento da água, principalmente, em áreas com declive acentuado. Dessa forma, as águas das chuvas, ao escoarem superficialmente, perdem força, removendo menos sedimentos do solo.
É possível também adotar a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), o plantio direto e a construção de terraços nas áreas de produção de grãos e terraceamento nas áreas destinadas à produção de fruteiras, florestas plantadas e pastagens. Essa ação garantiria a "produção" de água nas fazendas, com intensificação da infiltração de água no solo, o que elevaria os níveis dos aquíferos e do lençol freático, permitindo a regularização dos fluxos dos cursos de água durante o ano e, ainda, reduzindo o volume do fluxo instantâneo causador de enchentes após a ocorrência de chuvas intensas.