• Matéria: Português
  • Autor: annaclaradeinert98
  • Perguntado 3 anos atrás

oque vocês acham que seja bom/legal eu botar em um projeto sobre positividade tóxica?​

Respostas

respondido por: carolyne4550
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Explicação:

O conceito de positividade tóxica vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões da web: influencers, psicólogos, gente como a gente – parece que, de repente, está todo mundo falando sobre isso. Especialmente em tempos de pandemia, em que nossa realidade, no geral, está condicionada às interações via internet, é preciso refletir e falar sobre a plasticidade e a superficialidade dos discursos apresentados nas redes sociais e, principalmente, sobre como eles alimentam a positividade tóxica e impõem uma supressão dos sentimentos que pode agravar dores emocionais e levar ao sofrimento.

A positividade tóxica vem acompanhada de frases como “mas pense pelo lado positivo”, “você atrai o que você emana”, “se isso aconteceu, é porque está vibrando nessa frequência”. Muitas vezes, podemos interpretar essas falas como conselhos, uma tentativa de se ajudar e não se deixar abalar com os desconfortos que estamos sentindo. Mas a verdade é que, ao nos obrigarmos a pensar positivo e ser gratos apesar de todas as circunstâncias, estamos invalidando, reprimindo e acumulando sentimentos negativos.

O problema de represar esses sentimentos é que, em algum momento, eles vão se manifestar. Bruxismo, ansiedade, falta de ar, dores no corpo, inflamações, alergias e outros sintomas podem surgir em decorrência de situações emocionais. A partir do momento em que a felicidade e a positividade são apresentadas como a máxima e única possibilidade de ser e estar no mundo, a tratativa com os sentimentos negativos é de reprimi-los, não vivenciá-los e, então, não entendê-los, sendo que esse processo faz parte da vida, do autoconhecimento e da evolução.

Não adianta fingir que está bem. Seja para você mesmo ou para as pessoas que estão ao seu redor. O jeito de lidar com as frustrações, a raiva e todas as outras emoções que geram desconforto é senti-las – e cada um sente do seu jeito. Aceitar que esses sentimentos existem e lidar com eles faz com que sejamos mais empáticos e com que haja um amadurecimento emocional. Quando entendemos nossas fragilidades, somos mais gentis e compreensivos com as fragilidades das outras pessoas e isso pode ser uma ótima forma de abrir um canal de comunicação para compartilhar nossas emoções.

A cilada das redes sociais

Voltando para a questão das redes sociais, aquela velha história que todos sabemos: o que é mostrado não é real. Mas por que, apesar de sabermos disso, continuamos sentindo um mal-estar ao comparar nossas vidas com as vidas de outras pessoas que parecem estar tão bem, na telinha do celular? É difícil se sentir feliz quando estamos no meio de uma pandemia, nosso feed está cheio de hashtags #GratiLuz , #Gratidão , #Positividade , #GoodVibes e parece que está todo mundo ok, menos você.

Com o isolamento social, nossa realidade ficou condicionada às redes sociais que, na verdade, não dão conta de trazer a experiência humana em toda sua complexidade, apenas fragmentos dela que, na maioria das vezes, são a parte feliz. O discurso de “está tudo bem apesar de tudo” é sucintamente acompanhado de uma falsa noção de espiritualidade que muitas vezes, além de invalidar a nossa experiência de vida real, humana e imperfeita, estimula a comparação com a experiência de vida apresentada por outras pessoas nas redes sociais – e obviamente essa comparação não é saudável.

Precisamos entender que a positividade é um estado emocional que oscila entre outros estados e que isso é perfeitamente normal. O sofrimento emocional não deve ser um tabu e palavras positivas não dão conta de resolver essa questão. Em alguns casos, a ajuda profissional é bem-vinda e dos amigos e familiares também. Mas o principal é estar atento para não cair nessa cilada, não se cobrar de estar sempre bem e tentar reconhecer e se afinar com seus sentimentos negativos.

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