Em diversas partes do mundo, certos monumentos tem sido objeto de questionamentos e de protestos por parte de alguns indivíduos e coletividades. E como consequência alguns já foram alvo de avarias, demolições ou remoção. No Brasil, em 25 de julho de 2021, um pequeno grupo organizou uma queima ao monumento de Borba Gato. Tal personagem é expressivo na história do movimento de interiorização da colonização da América portuguesa, promovido pelos bandeirantes. Historiadores e outros especialistas tem-se manifestado sobre essa situação. Ricardo Santhiago, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em História Pública, observa ser sua rotina a inserção do tema em sala de aula. Para ele, o fenômeno da derrubada das estátuas e dos monumentos históricos tem uma razão de ser, pode ser dado como compreensível, isso porque esses monumentos são "lugares de memórias" que expressam violência, opressão e evocam ódios. Por outro lado, Santhiago considera que um encaminhamento mais proveitoso está nos chamados "atos de rasura". Esses seriam atos que não danificam, que não subtraem o objeto/monumento do espaço urbano, mas o transformam, "produzindo novas camadas, desafiando a memória e aguçando a disputa pela cidade, além de explicitar o conflito". Esse assunto latente é muito discutido no campo da Ciência História. Lembremo-nos que monumentos são a história, memórias e as narrativas. Portanto, para realizar esta atividade é importante considerar, entre outras questões, o direito à histórias e memórias éticas e o fato de que tais monumentos, mesmo que incômodos, são documentos históricos, são registros das versões sobre o passado, o qual é sempre complexo. Nesse sentido, elabore um texto dissertativo-argumentativo, discursando sobre o que você pensa em relação a esses monumentos vistos e sentidos como incômodos. Apresente ainda, quais encaminhamentos proporia enquanto solução a tal problemática do nosso tempo.
Respostas
Resposta:
O espaço urbano sempre foi um espaço polêmico, não um espaço ideal para todos se comunicarem, mas um espaço que deve ser compartilhado e dialogado com todos. Temos que discutir não apenas as pessoas representadas por esses monumentos, mas, mais importante, a atitude que fez esses monumentos escritos na cidade e na própria sociedade. A falta de problematização em torno dessas heranças é o principal problema que essas estátuas vão perpetuar nos espaços públicos. Os monumentos públicos nas ruas não têm sentido em si mesmos, têm os significados que a sociedade lhes atribui e, muitas vezes, deram-lhes significados muito pesados, muitos dos quais agora são insuportáveis.
A ideia é colocar este monumento conturbado num museu para que a história não se apague, é uma história bárbara e bárbara, mas que permite que seja recontextualizada e tenha um novo significado. Independentemente das questões partidárias, essas obras carecem de respeito, pois colaboram com a nossa história, até mesmo aos olhos dos outros, cooperam de forma negativa, mas tais afirmações ou dúvidas precisam ser feitas em local seguro e possível debate.
Explicação: