Existem inúmeras diferenças entre os três principais grupos ou etnias ciganas, quanto as
denominações, dialetos, tradições e valores culturais. Mas, o que eles carregam em comum? Exemplifique com situações atuais.
Respostas
Resposta:
Imagine um mundo em que as pessoas não tenham endereço fixo, documentos, conta em banco, carteira assinada nem história. E que a vida deles passe despercebida, como se não existisse. Que a única certeza é que nunca faltará preconceito e ignorância, medo e fascínio, injustiças e alegrias ao longo de sua interminável jornada. Bem-vindo ao mundo cigano.
Ou melhor: à imagem que temos dele. O universo cigano é tão antigo e extenso, tão cheio de crenças e histórias que nem mesmo seu próprio povo conhece bem o limite entre verdade e lenda. É que o nome “cigano” designa muitos povos espalhados por quase todas as regiões do mundo. Povos com diferentes cores, crenças, religiões, costumes, rituais, que, por razões às vezes difíceis de compreender, foram abrigados sob esse o imenso guarda-chuva (assim como populações muito diferentes são chamadas de índios).
A história dos ciganos é toda baseada em suposições. E a razão é simples: faltam documentos. Os ciganos são um povo sem escrita. Eles nunca deixaram nenhum registro que pudesse explicar suas origens e seus costumes. Suas tradições são transmitidas oralmente, mas nem disso eles fazem muita questão – os ciganos vivem o hoje, não se interessam por nenhum resquício do passado e não se esforçam por se manterem unidos. A dificuldade em se fixar, o conceito quase inexistente de propriedade e a forma com que lidam com a morte – eliminando todos os pertences do falecido – dificultam ainda mais o trabalho aprofundado de pesquisa.
Uma teoria, contudo, é aceita pela maioria dos especialistas. A partir da constatação da semelhança entre as línguas romani (praticada pelos rom, o maior dos grupos ciganos) e hindi (variação do sânscrito, praticada no noroeste da Índia, onde hoje fica o Paquistão), foi possível elucidar a primeira e grande diáspora cigana. Um grande contingente, formado, possivelmente, por uma casta de guerreiros, teria abandonado a Índia no século 11, quando o sultão persa Mahmoud Ghazni invadiu e dominou o norte do país. De lá, emigraram para a Pérsia, onde hoje fica o Irã. A natureza nômade de muitos grupos ciganos, entretanto, também permite supor um movimento natural de imigração que tenha chegado à Europa conforme suas cidades se desenvolviam, oferecendo oportunidades de negócios para toda sorte de viajantes e peregrinos.
Resposta:
Certamente, nenhum povo sofreu tantas perseguições e discri-
minações quanto o povo cigano pelo mundo a fora... Apesar de
tudo, os ciganos mantiveram suas tradições e cultura, e deixa-
ram para os outros povos, legados de riquezas materiais, cultu-
rais e ensinamentos.
Os ciganos no Brasil são muitos e estão por toda parte, embora
muitos ainda permaneçam invisíveis.
Perguntamos sempre onde estão e quantos são os ciganos? Eles
vivem ainda em acampamentos como nômades? Eles moram
nas periferias e favelas? Tem apartamentos?
O que eles fazem pra viver? Sabemos que eles são artesãos,
operários, músicos, artistas de circo, de televisão, de teatro, são
professores, profi ssionais liberais, empresários e funcionários
públicos. Eles são iguais aos outros povos e etnias porque são
diferentes. Eles têm história, hábitos, costumes, língua e tradi-
ções, que os diferenciam e os identifi cam.
Os ciganos são parte integrante do nosso povo. Eles contribuíram
para a constituição das riquezas materiais e culturais do Brasil. E,
certamente, quando pudermos romper com as barreiras dos precon-
ceitos, poderemos aprender e receber mais desse admirável povo.
Devemos nos empenhar para abolir todos os preconceitos que
existem na população, que ainda estão nos livros ou nas escolas
e também nas igrejas.