Ponce de Leão, tendo ancorado nas costas da Flórida, viu uma das suas caravelas quebrar a amarra e partir à deriva mar a dentro, em função de uma corrente marítima conhecida como Corrente do Golfo. Sobre as correntes marítimas é correto afirmar:
a) Todas têm a mesma temperatura, em geral de águas quentes
b) Não interferem no clima e sim nas marés
c) A direção das correntes é aleatória, nunca mantém o mesmo sentido em função dos ventos e das marés
d) Se diferenciam pela temperatura da água e quantidade de sal
e) Correntes marítimas é um mito da navegação antiga, não existindo de fato nenhuma explicação para a sua existência.
Respostas
Resposta:
C ) A direção das correntes é aleatória, nunca mantém o mesmo sentido em função dos ventos e das marés
Explicação:
As correntes marinhas não têm um significado tão preponderante como muitas vezes lhe atribuem.
Sob o aspecto morfológico, foram muitos os que se deixaram levar por ideias fantasiadas no que se refere
ao efeito mecânico da água corrente dos oceanos, acreditando que estas águas poderiam criar estreitos
marítimos completos, como os de Gibraltar, Mancha ou das Antilhas. Isto é falso, embora não se possa
negar o efeito modelador e erosivo das águas correntes, pois ao longo dos séculos e com a ajuda das vagas
e torrentes fluviais, efectuaram uma imensa actividade modificadora do litoral.
As correntes marinhas exercem a sua actividade no sentido de transportar os materiais mais ou
menos finos que as vagas arrancaram, repartem esse material por outros lugares, depositandoo depois de
certo tempo, segundo o tamanho das partículas. Tratase geralmente de pequenas regiões, mas às vezes
são vastas as regiões abarcadas. A região pouco profunda que se estende em frente à costa da Guiana,
supõese devida em grande parte aos sedimentos do Amazonas, cujas águas são levadas para NW pela
rápida corrente equatorial do Sul. Os materiais de aluvião que o Amazonas transporta numa hora, estimamse em 80 milhões de Kg.
Incomparavelmente mais importante é a influência das correntes marinhas no clima. Parece tão
natural que uma corrente, quente ou fria, exerça uma influência correspondente no clima da terra firme por
ela banhada, e particularmente na zona costeira, que poucas vezes se obtém uma resposta exacta à
pergunta de como se exerce esta influência.
As correntes têm uma importância climatológica somente quando o ar frio ou quente, suspendido na
corrente, é levado para o interior dos continentes.
A Corrente do Golfo, de inestimáveis efeitos para a Europa, de nada nos serviria se os ventos SW e
W, que predominam nestas latitudes, não levassem o ar quente da dita corrente para o interior da Europa
Ocidental. A melhor prova desta afirmação está na costa oriental dos EUA no inverno; a Corrente do Golfo,
que, todavia, passa muito perto da costa, é incapaz de amenizar o frígido inverno, pois a direcção
predominante dos ventos é o NW.
A costa da Noruega teria o clima frigidíssimo que reina na Suécia e na Rússia, se em lugar dos ventos
W, predominassem os de E. Provavelmente a Corrente do Golfo afastarseia ligeiramente da costa se
predominassem estes ventos, tal como acontece na costa oriental da América do Norte.
Oslo tem, geralmente, um inverno rigoroso, com neves e gelos, porque está mais no interior da
península da Escandinávia. Ao contrário, Bergen, apesar de se situar mais a norte, tem no inverno um
tempo geralmente chuvoso, com ventos temperados e nuvens abundantes, porque os ventos de oeste
levam o ar tépido da corrente do Golfo.
No entanto, pode passar uma corrente fria junto de uma costa sem exercer influência no clima, desde
que soprem ventos terrestres que impeçam o acesso do ar frio marítimo aos continentes. Na realidade, o
vento continental trás como consequência fazer subir até à superfície do mar a água fria do fundo, a qual,
apesar de tudo, faz diminuir consideravelmente a temperatura do ar nas costas dos continentes.
De qualquer forma, devemse estudar os casos particulares com maior detenção, quando se trata da
influência climatológica, das correntes marinhas, porque estas não podem exercer em quaisquer
circunstâncias um efeito na região costeira correspondente ao seu próprio carácter térmico.
Notese, todavia, que os efeitos das correntes marinhas são mais notórios e marcantes ao nível do
clima das regiões costeiras, na navegação e na localização das zonas de pesca.
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A maioria das correntes é lenta e não se desloca mais de algumas milhas por dia, existindo, contudo,
excepções, que são os casos da Corrente do Golfo e do Kuroshio cujas velocidades são comparadas às de
um rio regularmente rápido.