• Matéria: Português
  • Autor: vianaerica8636
  • Perguntado 3 anos atrás

Negócio de menino com meninaO pai, mais para atendê-la, apenas intermediário: — Quanto você quer pelo passarinho? — Não tou vendendo não senhor. A menina ficou decepcionada e segredou: — Ah, pai, compra. Ela não considerava, ou não aprendera ainda, que negócio só se faz quando existe um vendedor e um comprador. No caso, faltava o vendedor. Mas o pai era um homem de negócios, águia da Bolsa, acostumado a encorajar os mais hesitantes ou a virar a cabeça dos mais recalcitrantes: — Dou dez mil! — Não senhor. — Vinte mil. — Vendo não. — O homem meteu a mão no bolso, tirou o dinheiro, mostrou três notas, irritado. — Trinta mil. — Não vendo, não, senhor. O homem resmungou "que menino chato" e falou pra filha: — Ele não quer vender. Paciência. A filha, baixinho, indiferente às impossibilidades da transação: — Mas eu queria. Olha que bonitinho. O homem olhou a menina, a gaiola, a roupa encardida do menino, com um rasgo na manga, o rosto vermelho de sol. — Deixa comigo. Levantou-se, deu a volta, foi até lá. A menina procurava intimidade com o passarinho, dedinho nas gretas da gaiola. O homem, maneiro, estudando o adversário: — Qual é o nome deste passarinho? — Ainda não botei nome nele, não. Peguei ele agora. O homem, quase impaciente: — Não perguntei se ele é batizado não, menino. É pintassilgo, é sabiá, é o quê? — Aaaah. É bico-de-lacre. A menina, pela primeira vez, falou com o menino: — Ele vai crescer? O menino parou os olhos pretos nos olhos azuis. — Cresce nada. Ele é assim mesmo, pequenininho. O homem: — E canta? — Canta nada. Só faz chiar assim. — Passarinho besta, hein?— É. Não presta pra nada. É só bonito. — Você pegou ele dentro da fazenda?— É. Aí no mato. — Essa fazenda é minha. Tudo que tem nela é meu. O menino segurou com mais força a alça da gaiola, ajudou com a outra mão nas grades. O homem achou que estava na hora e falou já botando a mão na gaiola, dinheiro na outra mão. — Dou quarenta mil, pronto. Toma aqui. — Não senhor, muito obrigado. O homem, meio mandão:— Vende isso logo, menino. Não tá vendo que é pra menina?— Não, não tou vendendo não. — Cinquenta mil! Toma! — e puxou a gaiola. Com cinquenta mil se comprava um saco de feijão, ou dois pares de sapatos, ou uma bicicleta velha. O menino resistiu, segurando a gaiola, voz trêmula. — Quero não senhor. Tou vendendo não. — Não vende por quê, hein? Por quê?O menino acuado, tentando explicar:— É que eu demorei a manhã todinha pra pegar ele e tou com fome e com sede, e queria ter ele mais um pouquinho. Mostrar pra mamãe. O homem voltou para o carro, nervoso. Bateu a porta, culpando a filha pelo aborrecimento. ÂNGELO, Ivan. In: O ladrão de sonhos e outras histórias. São Paulo, Atica, 1994Arrogância: qualidade ou caráter de quem, por suposta superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assume atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros; orgulho ostensivo, altivez. Indique duas frases e duas atitudes do fazendeiro que revelem sua arrogância.

Respostas

respondido por: ismaelcer
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Resposta:

esse negócio de pai e meninas e u sentindo de z e z e ingual,3

respondido por: Edu1977
0

Resposta:

Explicação:

RESOLUÇÃO

a) O  fato que dá início a expectativa é o pai, atendendo ao pedido da filha, perguntar o preço do passarinho ao menino. É o início da negociação.  

b) A expectativa se intensifica porque o menino recusa todas as propostas feitas pelo fazendeiro, renovadas seguidamente em valores cava vez mais altos. O leitor espera, a cada proposta, que o menino se renda e entregue o passarinho.

c) O ponto culminante ocorre no parágrafo 54 (ou entre o parágrafo 54 e 56), quando o fazendeiro faz uma proposta irrecusável e tenta pegar a gaiola.

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