Imagine que você, ao preparar suas aulas sobre a Idade Média, percebeu que o livro didático, ao abordar o período, apresenta uma série de generalizações e contrastes oriundos de uma historiografia que é considerada ultrapassada. a) Como você explicaria para os alunos o processo de construção do conhecimento histórico e sua periodização, para que eles compreendessem os preconceitos formados em relação ao medievo? b) Que atividades você proporia para complementar a formação dos alunos sobre Idade Média, para além da utilização do livro didático?
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a)Um dos grandes desafios para o professor da Educação Básica é trabalhar com noções da escrita da história e da historiografia, devido, muitas vezes, ao grau de abstração e as peculiaridades dos debates historiográficos. Contudo, é importante que nossos alunos saibam como se escreve a história, e que esse procedimento extrapola a crítica documental e a narrativa, passando por definições cronológicas e relações de poder que instituem determinados conteúdos para serem aprendidos e, nesses conteúdos, certas representações. De acordo com a faixa etária dos alunos, bastaria explicar-lhes que as pessoas que habitavam o território que chamamos hoje de Europa não se reconheciam vivendo na "Idade Média", que esse foi um termo criado a posteriori para caraterizar determinado período, e que essa criação foi feita cheia de preconceitos porque cumpria exigências do momento. Ou, para outros níveis de ensino, é possível demonstrar aos alunos como esses preconceitos cristalizaram-se como leituras historiográficas, não encontrando respaldo nas fontes sobre o período.
b)Da desconstrução da noção de "Idade Média", ou "Idade das Trevas", como muitas vezes foi denominada na historiografia, pode-se propor uma série de atividades que extrapolem os textos presentes nos livros didáticos. É possível trabalhar com a cultura durante a Idade Média, a criação das universidades, as práticas de cura, o papel das mulheres e das crianças nas sociedades, e, juntamente aos alunos, estabelecer comparativos com os dias de hoje ou com outras realidades sincrônicas, como na América ou na África. Essas atividades permitem extrapolar as dicotomias que se estabelecem, tais como o bom/o ruim, o atrasado/o moderno, que em nada contribuem para o aprendizado histórico, e ressaltar a diferença e a diversidade de experiências existentes na história.