No texto carta aberta aos homens de vida pública e "boa vontade", quais são os pontos mais relevantes?? é para hoje me ajudem
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Resposta:
Lembro-me, quando ainda adolescente, de que era a Faculdade de Veterinária da UFMG o centro de apoio para animais de proprietários carentes que não podiam pagar consultas e tratamentos em clínicas particulares.
O Hospital Veterinário da UFMG prestava um serviço público e era centro de referência nacional para tratamentos de animais domésticos de pequeno ou grande porte, bem como dos silvestres.
Hoje, se uma pessoa carente financeiramente passar pelo infortúnio de ter um animal de estimação adoentado ou acidentado, e, da mesma forma, aqueles que movidos pela compaixão desejarem socorrer um animal de rua doente, atropelado, ou mesmo qualquer animal silvestre nessa situação, não terão a quem recorrer se não tiverem como pagar.
O poder público apenas disponibiliza o serviço de castração gratuito, assim mesmo só em alguns municípios.
Em se tratando de saúde animal a situação é de total abandono, salvo alguns raríssimos e heroicos veterinários particulares, cujas clínicas prestam socorro, nas situações acima citadas.
Aproveitando o espaço de que dispomos neste jornal, e que dividimos, privilegiadamente, com homens públicos de efetivo empenho ao bem comum, a Promutuca vem fazer um apelo suprapartidário à consciência e à sensibilidade pessoal dos vereadores e deputados que partilham conosco da vontade de contribuir para uma sociedade mais justa: necessitamos de um projeto de lei que obrigue as Faculdades de Veterinária públicas e privadas, a exemplo do que ocorre nas Faculdades de Medicina e de Direito em suas respectivas atribuições, a prestarem serviços gratuitos aos animais abandonados ou cujos proprietários não disponham de recursos para custear seu tratamento.
É com grande espanto que constatamos os cursos de Veterinária se distanciarem de seu verdadeiro objetivo: a formação de profissionais dedicados à saúde e ao bem-estar animal.
Animais saudáveis são utilizados em experimentos com fins científicos (pesquisa) ou didáticos: a dissecação, ação de seccionar partes do corpo ou órgãos de animais mortos para estudar sua anatomia, e a vivissecção, que é a realização de intervenções invasivas em animais vivos, anestesiados ou não: práticas obsoletas que nos remetem a René Descartes e sua teoria do animal-machine. No século XVII, o físico inglês Isaac Newton concebeu o universo como um imenso mecanismo de relógio, possível de ser compreendido pelo estudo de suas partes. Na mesma época, Descartes adaptou esse mecanicismo para a medicina. Para ele, os corpos de animais eram apenas máquinas, e sentimentos como prazer, dor e sofrimento moravam na alma, que só os homens possuíam. Se animais não tinham alma, a dedução lógica era a de que não sentiam dor. Os ganidos de cães seccionados vivos e conscientes, na Escola de Port-Royal, por ele e seus seguidores, eram interpretados como o simples ranger de uma máquina. Era o auge da teoria do animal-machine (animal-máquina).
Na Europa e nos Estados Unidos, muitas faculdades de medicina não mais utilizam animais, nem mesmo nas matérias práticas como a técnica cirúrgica e cirurgias experimentais, oferecendo substitutivos em todos os setores. Nos EUA, mais de 100 escolas de medicina (quase 70%), incluindo Harvard, não utilizam animais. Na Inglaterra e na Alemanha, a utilização de animais na educação médica foi abolida, sendo que na Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda) é contra a lei estudantes de medicina, humana ou animal, praticarem cirurgia em animais com fins meramente “didáticos”.
No Brasil, a Faculdade de Medicina Veterinária da USP desde 2000 não utiliza animais vivos em aulas de técnica cirúrgica. Utiliza cadáveres, especialmente preparados, de animais que tiveram morte natural em clínicas e hospitais veterinários. A preparação é feita a partir de substâncias que preservam a consistência do tecido como a de um animal vivo.
Não obstante a efetiva evolução moral e científica abolindo a utilização de animais na educação, por meios alternativos mais éticos e eficientes, estudantes realizam a tarefa por imposição. Por que não aprender cuidando, salvando vidas animais?
É que a clínica de animais tornou-se um lucrativo “negócio” para as Faculdades de Veterinária, distanciando-as de seu objetivo fim: o pedagógico, cuja excelência vai além do científico, abrange a compaixão e essa não se ensina, pratica-se.
Nobres deputados, vereadores, alunos de Veterinária, de Biologia, professores, proprietários de animais e homens de sensibilidade: precisamos que cada escola de Veterinária abra a sua porta, por pelo menos duas vezes na semana, uma para clínica, outra para cirurgia de animais.
As Faculdades de Medicina já há muito assim o fazem, as de Direito também. Mais uma vez vemos nessa situação a concreta e manifesta desconsideração com a Vida Animal.
Explicação ME DA COROINHA PFV