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Em março de 2020 o amor foi apartado no período geológico chamado antropoceno,
quando a humanidade passou a consumir mais plásticos e alumínios, uma grande
pandemia atingiu todo planeta terra, e apartou o amor e quem ama. Hoje mãos tocam
sem se tocar, lábios beijam sem se beijar, bocas falam sem se olhar a expressão,
abraços são dados sem braços, o amor à distância machuca mais do que já machucava.
Separam pessoas de Londres ou de Londrina, separam populações de Nova York ou
Nova Deli, separam amores de São Paulo ou do Ceará.
O amor tornou-se virtual, como já prenunciavam nossas vidas em tempos de
computadores modernos e celulares de última geração. O amor tornou-se digital, mas
não menos intenso e vibrante. Sem contatos físicos, impedidos por um vírus invisível, o
amor ainda sobrevive em fotografias, no vídeo, na varanda do apartamento, no apelo
dos que rezam aos anjos que de certa forma sempre foram virtuais em sua condição
etérea.
O amor ainda existe e resiste, pois como diz o trecho bíblico de Coríntios 13:7 “o amor
tudo sofre, tudo crê, tudo suporta”, O amor é incondicional, ainda que não se toque,
não sinta o cheiro, não se sinta o sabor do beijo e nem o calor do abraço. O amor é
incondicional com ou sem pandemia, ele existe como sempre existiu, como um laço
invisível , mas sem os dedos para puxar a fita.
Em tempo de amor incondicional e virtual, lembremos sempre dos grandes amores
como de Aberlado e Heloísa, Romeu e Julieta e principalmente de Florentino por
Firmina no “amor nos tempos do cólera” e voltamos ao passado para podermos
suportar o presente.
Se no século passado o que nos separavam era a cólera em um determinado lugar,
desta vez foi uma pandemia mundial que veio se alastrar. Se antes o que nos
aproximavam eram as cartas para manter a chama do amor platônico acessa, hoje o
que nos mantêm por perto são os celulares que viraram extensão da nossa mente.
Deixamos nossos corações se encantar, ainda que seja à distância, que não separa o
verdadeiro amor, ao contrário, une. Porque o amor tem muitas faces, como disse São
Paulo: “ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria
como metal que soa ou como símbolo que retine”.
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