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Resposta:
Crise existencial em uma sociedade numérica
Diariamente o mesmo se repetia. Dia após dia. Não importava o quanto eu pedisse, implorasse, suplicasse, nada mudava. Faziam questão de me importunar. Os métodos variavam. Iam desde esconder minha mochila em algum lugar da imensa escola, me fazendo perder vários minutos das aulas procurando-a, até agressão física, fazendo com que eu tivesse que mentir para minha mãe sobre a origem dos machucados. Eu odiava mentir, mas destetava ainda mais preocupar minha matriarca. Ela já tinha problemas demais.
O mais interessante de tudo isso, era que todos na escola sabiam disso. Isso incluía além dos alunos, os professores, diretores, todo o corpo docente. Ninguém fazia nada, ninguém intervia. Sempre soube que o mundo não é, nunca foi e nunca será um mar de rosas. Na verdade, talvez fosse. Rosas são bonitas, mas são cruéis com seus espinhos. Sua beleza esconde um perigo, ou seja, uma mentira. Assim é a sociedade. Em minha mente, todo aquele raciocínio continha um sentido completo.
Afastando tantas reflexões, tomei a garrafa d’água cheia em mãos. Com ajuda dessa, virei todo o frasco de comprimido calmantes para dentro de meu corpo. Me permiti esperar alguns minutos, para começar o efeito no remédio. Logo senti o corpo ficar fraco, mente em branco, totalmente sonolenta. Era uma sensação agradável de leveza.
Agora, ali, diante do terraço da escola, eu colocaria um fim nisso de uma vez. Não que fizesse diferença. Para o mundo atual, somos apenas um número substituível. Se eu morrer hoje, logo haverá alguém para tomar meu lugar no trabalho, na escola, nas amizades. Fazemos realmente diferença para meia dúzia de pessoas entre centenas. Às vezes, nem precisamos morrer para isso acontecer.
Assim, pedindo a qualquer divindade para ajudar minha mãe em sua vida longa, respirei fundo, sentindo o oxigênio fluir por cada célula de meu corpo. Tomei coragem, e com pensamentos sobre cada dia de minha vida, atravessei o alambrado. E pulei.
PS.: Espero ter ajudado de alguma forma e atendido as expectativas referentes ao texto. Bons estudos!