Segundo Florestan Fernandes, quais foram as consequências do fim
da escravidão para os negros no Brasil?
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Florestan Fernandes realiza uma crítica da hipótese de Gilberto Freyre. Para Freyre, no Brasil existe uma democracia racial: o caráter nacional brasileiro teria sido formado, de maneira harmoniosa, na mistura dos modos de ser de portugueses, de africanos e de indígenas.
Assim, para Gilberto Freyre, no Brasil não haveria um racismo como nos Estados Unidos segregado. Ao contrário, aqui imperaria uma “democracia racial”. Florestan Fernandes demonstrou que essa hipótese, na verdade, é um mito. Em outras palavras, ela não se comprova na realidade social brasileira.
Após o fim da escravidão em 1888, criou-se uma ideia de que as oportunidades de emprego e de enriquecimento finalmente eram para todas as pessoas. Supostamente, não haveria mais impedimentos para pessoas negras adentrarem no mercado de trabalho como os brancos.
Segundo Florestan Fernandes, o que aconteceu de verdade é que não houve qualquer tentativa, tanto do Estado como da cultura escravagista que existia, de integração da população negra. Após o fim da escravidão, as pessoas negras acabaram exercendo trabalhos parecidos com os que já realizavam. Além disso, continuaram vivendo sem moradia e oportunidades sociais adequadas.
Portanto, o fim da escravidão acabou por ser mais uma mudança imposta por brancos para os negros se adaptarem. As vidas dessas pessoas continuaram em desvantagem socialmente mesmo depois de 1888 e geralmente foram obrigadas a viverem em condições de miséria.
Em 1950, o mito da democracia racial ainda era considerado verdadeiro. Foi então iniciada uma pesquisa, pelo Projeto Unesco, para mostrar ao mundo essa integração de raças bem-sucedida no Brasil. Assim, Florestan Fernandes foi um dos pesquisadores do projeto, e os resultados dessa pesquisa acabaram provando uma conclusão contrária a essa hipótese inicial.
O sociólogo ainda relaciona esses resultados com as questões de classe. Isso porque a crença na “democracia racial” e a negligência dos problemas raciais no Brasil são feitas fortemente pela burguesia em ascendência no país. Nas palavras do autor, em 1995:
“Jamais contaremos com uma democracia efetiva se não […] eliminarmos [o racismo]. O negro ainda constitui o ponto central de referência de nossos atrasos e avanços históricos, a esperança maior na luta dos oprimidos pela criação de uma sociedade nova.”
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