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publicado por Machado de Assis em 1900, devo adiantar uma coisa: pouco me importo se Capitu traiu ou não Bentinho, pois esta é uma preocupação superficial, tema que circulou insistentemente pela crítica literária brasileira até a década de 1950. Assim, deixo espaço para analisar uma das maiores produções da nossa história literária, Dom Casmurro, romance que carrega em si as ressonâncias sociais do seu tempo histórico e traços do que os estudos literários, por convenção, intitulam de realismo.
O romance é considerado por muitos especialistas como uma espécie de “premonição freudiana”, pois Machado de Assis antecipa algumas questões que Freud iria apresentar para a sociedade em seu estabelecimento das ideias psicanalíticas, num período praticamente contemporâneo ao machadiano. Narrador em primeira pessoa, Dom Casmurro investe no tempo psicológico e em suas reminiscências, lembranças que vão e voltam sem a “organização” padronizada do tempo cronológico.
Diferente de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e Quincas Borba (1981), Dom Casmurro não foi publicado em folhetim. A primeira edição veio ao público em 1900, pela Editora e Livraria Garnier, localizada no Rio de Janeiro e que permaneceu em atividade entre 1844 e 1934. A editora se tornou notável por publicar obras de escritores hoje considerados ponto máximo do nosso cânone literário. No livro Bento Santigo é o narrador, interessado em “atar as pontas da sua vida”, unindo relatos da juventude até o momento atual de escrito, isto é, os seus 54 anos, fase em que se gaba de ser um advogado que possui propriedades imobiliárias e recursos materiais que lhe garantam uma vida tranquila, diferente do lado emocional, já que é uma pessoa solitária e pouco amarga.
Entre os dois momentos de escrita, o passado e o presente, temos as reminiscências da juventude, a relação com os pais, com os agregados, a sua vida no seminário e os ciúmes oriundos do relacionamento com Capitu, amiga de infância que se tornará a grande obsessão da sua vida, tema este, fermento central da narrativa, espaço ideal para Machado de Assis empregar o seu estilo irônico e traçar as devidas críticas sociais próprias ao seu perfil intelectual. Ele é tão ácido que logo no começo, diz que poderia escrever sobre a história do subúrbio onde habita, bem como sobre Filosofia e Direito, mas prefere investir na sua história, algo menor diante das outras possibilidades postergadas.
No seminário, período onde passa parte da sua juventude, Bentinho (apelido) conhece Escobar, filho de um advogado de Curitiba. Ambos tornam-se grandes amigos. Com o passar do tempo, Bentinho abandona o seminário e decide estudar Direito, enquanto o amigo se torna um comerciante de sucesso. Ao passo que o romance deflagra a ambiguidade de Capitu, o moralismo do Brasil no Segundo Reinado e a obsessão crescente de