Leia um trecho extraído do poema "O navio negreiro", de Castro Alves, e responda à questão abaixo.
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
ALVES, Castro. O navio negreiro. Belém: Núcleo de Educação à Distância (NEAD). Disponível em: Acesso em: 9 nov. 2018.
03- Com base na leitura do trecho acima, reflita sobre a forma pela qual o eu lírico, isto é, a voz expressa no poema, representa os escravizados e os traficantes de escravizados. De que maneira essa representação se relaciona ao movimento abolicionista, do qual o poeta Castro Alves fazia parte?
Respostas
Resposta:
A terceira geração do romantismo possui características marcantes que se relacionam com o momento histórico, político e social. Assinale a alternativa que melhor descreve essa fase da literatura brasileira
Leia um trecho do poema de Castro Alves “O Navio Negreiro”, poeta da terceira geração do romantismo, e julgue as alternativas em verdadeiras ou falsas:
O navio negreiro
V
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
(...)