A tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte disso, tenho em mim todos os so-
nhos do mundo.
[...]
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e
não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó
que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que
sou sublime.
[...]
CAMPOS, Álvaro de. A tabacaria. Arquivo Pessoa. Disponível em: .
Acesso em: 24 abr. 2018.
Tais versos de Álvaro de Campos podem ser considerados uma expressão do existencialismo
na medida em que exploram a
(10 Pontos)
a) pulsão de morte, pela falta completa de sentido na vida.
b) angústia do sujeito, a quem falta uma natureza fixa.
c) determinação biológica da vida, que dita o ritmo humano.
d) impossibilidade das certezas, que pode levar à insanidade.
e) passividade do indivíduo, que é incapaz de agir livremente.
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