• Matéria: Português
  • Autor: renann6
  • Perguntado 3 anos atrás

Vem um Corregedor carregado de feitos1, e chegando à barca do Inferno, com sua vara na mão, diz:

CORREGEDOR
Onde vai o batel2?

DIABO
No inferno vos poeremos3.

CORREGEDOR
Nom4 é de regulae juris5, não.
[...]
Oh! renego da viagem
e de quem me há de levar!
Há aqui meirinho6 do mar?

DIABO
Não há cá tal costumagem.

CORREGEDOR
Nom entendo esta barcagem
nem hoc non potest esse!7



Notas

1 - Feitos: autos ou processos judiciais.
2 - Batel: barca.
3 - Poeremos: forma antiga de "poremos".
4 - Nom: forma antiga de "não".
5 - Regulae juris: expressão latina que pode ser traduzida como "regra jurídica".
6 - Meirinho: oficial de justiça.
7 - Hoc non potest esse: expressão latina que pode ser traduzida como "Isto não pode ser".

VICENTE, G. Auto da barca do inferno. São Paulo: Ateliê Editorial, 1996.

No trecho de Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, a variante linguística com expressões em latim tem como função
a) associar marca de poeticidade criativa à índole do corregedor.
b) caracterizar personagem graças à linguagem de sua profissão.
c) garantir tratamento sagrado à representante da classe alta.
d) atribuir veracidade científica aos argumentos do magistrado.
e) demonstrar inadequação temporal nas atitudes do condenado.

Respostas

respondido por: yuri14rodrigues
2

O dramaturgo português Gil Vicente utilizou expressões em latim na peça "O Auto da barca do inferno" para atribuir veracidade científica nos seus argumentos. Portanto, a alternativa D está correta.

O latim (ou o Neolatim) é uma característica dada pelo cientistas nas suas nomenclaturas de animais, espécies ou família de outros seres que são orgânicos e que possuem vida.

Trata-se de uma linguagem para diferenciar e relacionar as famílias dos seres vivos, assim como os seus reinos na biologia.

Perguntas similares